- Um juiz é um especialista na aplicação da lei, faz parte do poder judicial e chega lá através de uma carreira técnica no direito.
- A lei é feita pelo poder político através dos representantes eleitos democraticamente.
É assim em Portugal e não é suposto estes dois poderes misturarem-se, sob pena de resultar em danos para a democracia.
O poder judicial não padece dos males do poder político. Padece de outros.
Como para se ser juiz não há a necessidade da aprovação democrática, a legitimidade de um juiz não depende de publicidade às massas. Por esta razão não necessita de se expor aos media para obter a aprovação democrática. Basta-lhe comunicar clara e formalmente as decisões que toma de forma fundamentada, cumprir a lei e deixar o poder político apresentar os resultados da sua atuação.
Quando o poder judicial aceita que um representante seu responda a uma entrevista numa das principais televisões nacionais, temos de questionar a razão. Não é só o juiz que fala aos media, mas um representante desse poder judicial. Naturalmente que não fala por todos os membros desse poder, mas certamente que não se podem os outros membros desse poder distanciar tanto deste seu membro que nos faça parecer que não lhe pertence.
Quando um juiz, se dispõem a atuar num palco político, então temos de analisar se o papel que quer para ele é o de juiz ou o se prefere o de representante político.
Quando um juiz, conhecido o contexto e a mediatização dos casos que lhe estão atribuídos, dá uma entrevista onde faz afirmações relacionáveis com esses casos, mesmo que formalmente não o diga, está a procurar com essa comunicação atingir um fim que não é claro.