Equilibrio, filhos e a cobra lá do escritório

Vivemos em competição e o país necessita de jovens preparados para renovar a sua força produtiva e para ser competitivo. Tem-se dito isto por aí.

As oportunidades são para todos, mas os recursos são finitos, daí a competição. É uma competição entre todos os que pretendem aceder aos recursos. Também se diz isto por aí.

Também existe competição pelos recursos do local de trabalho. Mas aqui a competição está desequilibrada entre os que têm responsabilidades em casa, mulher, filhos ou outros dependentes, contra os que não tem obrigações para além da sua pessoa.

Quem não tem filhos ou dependentes, não precisa de se preocupar com horários de entrada ou saída nem com horários e local de refeição. Assim fica liberto para se dedicar à competição no trabalho. Aquela que lhe dá acesso a recursos como melhores salários ou posições de maior destaque.

Todos temos um cobra lá no escritório que entra 1 minuto antes do chefe, sai 2 minutos depois e está sempre disponível com a cabeça enfiada pelo… Vocês sabem onde.

Já o disse aqui e ainda ninguém me desdisse: o sistema social de reformas da Segurança Social é o único jogo em pirâmide permitido por lei. Depende de novos contribuintes para sustentar os que se vão reformando. Os novos contribuintes são os jovens de hoje.

Este jovens de hoje, quanto melhor preparados, maior será a sua capacidade de gerar riqueza e por isso maior será a sua capacidade de contribuir para a pirâmide.

As pessoas que não têm filhos, porque têm maior capacidade de competir, têm tambem maior probabilidade de ganhar, ficando com mais recursos, mas que não re-investirão na futura força produtiva, pois não têm filhos.

Sem filhos que contribuam para sustentar a sua reforma, caberá aos filhos dos outros sustentá-los com as suas contribuições futuras.

A responsabilidade de re-estabelecer o equilíbrio fica para o Estado, como todas as outras incomodas que ninguém quer.

O Estado está numa situação difícil pois, por exemplo, as oportunidades nas empresas não são geridas pelo Estado, e assim o Estado não tem como compensar.

A legislação que poderia impedir isto seria uma que iria ser considerada descriminatoria, como por exemplo, impedir que pessoas casadas e sem filhos retirassem as mesmas vantagens das que tem filhos.

Propor que os casais homosexuais pudessem adoptar poderia equilibrar a competição.

Assim sobráva só a cobra venenosa, que nem namorado consegue arranjar, para competir pelos recursos lá no escritório.

Agora que mudámos as caras em São Bento…

Em São Bento temos novas caras que vamos conhecer brevemente.

Não falo do governo, porque esse tem a cara de José Socrates venham lá que Ministros vierem, mas da Assembleia da Republica.

Todos dirão:
– Eu estou do vosso lado. Farei tudo o que vos disse na minha campanha eleitoral. – Mas não nos dirão o quando. Afinal, quem governa terá de tomar a iniciativa e a oposição terá a reacção que já sabemos: opôr-se.

Quando lá chegam, concluem sempre que é impossível. Isto serve para todos os políticos:
– O antecessor gastou o que havia, deixando-nos a todos na miséria.

Com tanta informação e acto publico, mas depois com tanto desconhecimento, fico com a sensação que os opositores nunca estudaram a lição.

Depois vêm as desculpas do costume:
– A vida está difícil para todos. Eu nem vou poder trocar o meu BM pelo modelo novo. Onde é que isso já se viu. O que é que vem aí a seguir? Ainda me pedem para guiar o meu próprio carro.

Para poupar o dinheiro dos contribuintes vão propor que Institutos públicos sejam fundidos e que outros sejam separados.

O Governo vai dizer que não vai despedir ninguém quando mandar apertar o cinto. Excluiu logo à partida os quadros técnicos, médios e administrativos.
Questionados sobre a razão desta actuação afirmarão:
– Se os despedirmos, quem é que vai efectuar o trabalho?

Como politica de contenção de despesa, o CDS-PP vai investigar e descobrir que alguns funcionários do estado não usam totalmente o subsidio de refeição para comer.

Confrontados com esta descoberta, afirmarão em comunicado que irão propor cortar-lhes o subjante do subsidio. Afinal de contas, se não o usam para comer, é porque não precisam.

O baile está armado. Fico com a ideia que fosse qual fosse o resultado das eleições, eu não ficaria satisfeito com o que viesse a seguir, não porque fosse ideologicamente contra, mas porque a seguir vem sempre as desculpas de mau orçamentista.

Asfixia democrática

asfixia

A oposição em peso fez-se à estrada para acusar tudo e todos os que estivessem ligados ao Governo de mentirosos.

E com isto puseram em causa todos os profissionais e técnicos que, não sendo do Governo, trabalham para o Estado ou para empresas, isto é: todos nós.

Pedem-nos que coloquemos em causa:

  • Os trabalhadores da Segurança Social por atribuirem subsídios a quem não quer trabalhar;
  • Os técnicos do Instituto Nacional de Estatística por fazer as contas ao desemprego da mesma forma que o Eurostat;
  • As policias, por não prenderem e por prenderem;
  • Comissão Nacional de Eleições por não impedir Governo de fazer inaugurações;
  • Tribunais e Ministério Público por não implicarem directa José Sócrates no caso Freeport;
  • Os Administradores da TVI, porque queriam mandar na empresa deles.

Mas quem faz estas acusações não é qualquer um, mas aqueles que querem vir a ser Deputados da Assembleia da República.

Existe asfixia democrática quando os eleitos da nação não acreditam no principio da inocência.

Existe asfixia democrática quando pessoas que se candidatam a cargos públicos põem em causa os meios e aqueles que se propõem a governar.

Teremos Eleições Legislativas ou entrevista de emprego para Primeiro Ministro?

Debate Socrates vs Portas

Porque as Eleições Legislativas estão transformadas em entrevista de trabalho para Primeiro Ministro, e os entrevistadores também têm direito às suas escolhas ideológicas, o esclarecimento só surtiria efeito se os candidatos tivessem sido questionados um a um, e sempre por mais de um entrevistador.

Entevistas deveriam ter sido também feitas aos outros todos que pretendem ser Deputados da Nação e nossos representantes para uma Assembleia que será Constituinte.

Hoje tivemos o primeiro frente-a-frente entre o actual Primeiro Ministro e candidato a deputado pelo Partido Socialista e o Dr. Paulo Portas, também candidato a deputado.

A oposição transformou a sua estratégia eleitoral num ataque ao homem, com o único objectivo é desacreditar o portador da mensagem. Sobre politicas propostas, muito pouco se fala.

O programa de governo que for escolhido vai determinar como será distribuída a riqueza no próximo período legislativo:

  • Se entregue às iniciativa privada para ser re-distribuído conforme as regras próprias da gestão de empresas;
  • Se investido directamente pelo próprio Governo na forma de equipamentos sociais ou outros de beneficio geral.

Os assuntos relativos aos investimentos e economia são tão complexos, que ameaçam fazer cabelos brancos a Professores Doutores de Economia, Engenheiros Civis, e outros tantos que os discutem.

A barreira de fumo está tão densa que se torna difícil para mim compreender se a oposição é contra os investimentos públicos por não concordar, se por não ter ser dela a iniciativa.

Temos um verdadeiro cenário de escolha multi-critério, mas que ninguém defininiu as regras à partida, pelo que o resultado será o de um concurso de popularidade.

O que aprendi com Manuela Ferreira Leite

Grande Entrevista - 2009-08-20 - Manuela Ferreira Leite

Com a entrevista de Manuela Ferreira Leite ontem na RTP e com o que disse até agora aprendi várias coisas que passarão a fazer parte da minha formação:

  1. Posso dizer que não tenho informação suficiente para propor os meus objectivos, mas acusar o meu opositor de não ir conseguir o que ele já se propôs fazer;
  2. Quando chegar a uma posição de poder, devo acabar com qualquer voz que não esteja de acordo com o que eu digo;
  3. Para calar os meus opositores mais vocais, uma vez que não posso fazer-lhes concessões a eles por ficar politicamente fragilizado, concedo aos seus familiares;
  4. Porque não posso falar com ligeireza dos casos menos claros dos meus colaboradores mais próximos, recuso-me a comentar os dos meus adversários;
  5. Se me pedirem um programa de governo para 4 anos, recuso-o até à última hora e ameaço entregar apenas uma folha A4.

Realmente no meio disto tudo parece-me lamentável é:

  1. Que aos funcionários públicos que dependem hierarquicamente do poder político seja exigido o estabelecimento e cumprimento de objectivos num meio que não controlam a iniciativa ou ambiente em que terão de os cumprir.
  2. Que se acuse Portugal de estar asfixiado democraticamente, mas seja o próprio inquisidor fechar a boca de quem democraticamente se pronuncia.
  3. Que quem se recusa a formar governo para garantir o funcionamento do país, admita formar listas com familiares dos seus opositores para garantir o seu sossego.
  4. Que quem acusa alguém que nem foi indiciado pessoalmente, mantenha quem se recuse a prestar provas períciais em caso em que está indiciado.
  5. Que um politico não entenda que é a nós que têm de prestar contas e nos trate com sobranceria e ameaças de nada fazer até lhe ser dado o cheque branco.