O argumento que a tolerância de ponto custou 20 milhões de euros aos portugueses não passa de uma falácia montada para alimentar a campanha eleitoral.
Não estou a argumentar se a tolerância devia ou não ser dada, ou se custa ou não ao país mais dinheiro por a termos dado. Estou a argumentar que quem escreve estas coisas se esquece de esclarecer como chegou até elas.
A tarde de tolerância de ponto da passada quinta-feira terá custado 20 milhões, diz no dia 21.04.2011 o PÚBLICO, o Sol, o Jornal de Notícias e na blogosfera nos brincalhões do 31 da Armada, na Horta do Zorate e imagino eu que em muitos mais sitios.
Enquanto a blogosfera é feita de opiniões, com maior ou menor responsabilidade, os jornais e outros meios de comunicação social deveriam fazer a pergunta: Como chegaram a esse valor.
Colocar a citação sobre o professor de Economia da Queen Marry University, uma autoridade semi-anónima, a indicar o custo de meio dia de trabalho não chega porque a citação não contém a lógica aplicada, mas provavelmente apenas parte dela:
Que mais foi necessário assumir? Expliquem lá essas contas dos 20 milhões pela meia tarde:
- Quantos consideram ser os funcionários públicos?
- Contabilizaram como funcionários públicos quem? Todos os que trabalham para o estado diretamente ou também os que não trabalhando diretamente, exercem funções em instituições do estado como consultores externos? E os que trabalham por turnos, escalas e outros esquemas de garantia de serviço 24/7, também foram contabilizados aí?
- E por acaso não contaram com os que já estavam de férias?
Expliquem lá essas contas dos 20 milhões pela tarde:
- Deixámos de ganhar os 20 milhões? ou
- Pagámos os 20 milhões a mais? ou
- É um misto?
Sendo o valor correcto, o que nem tenho como verificar, pergunto se seria esse o valor gasto por eles irem trabalhar ou se seria mais? É que a electricidade custa dinheiro também.
Não me incomoda que se levantem vozes contra todas as tolerâncias de ponto que são dadas aqui e ali, muito menos se por razões eleitoralistas.
Incomoda-me que usem argumentos de copy & paste e nem se dêem ao trabalho de dificultar a vida a quem tente argumentar contra.
Incomoda-me o uso de falácias para sustentar conclusões, que provavelmente até estaríam correctas, mas que quem as defende é um argumentador incapaz.