Quando era muito novo, e vivia ainda em Lisboa, num modesto apartamento, acompanhado pelos meus pais e a minha irmã mais velha, apercebi-me que o mundo estava cheio de mulheres dominadoras sequiosas de poder.
Não passava um dia em que a minha irmã e a sua amiguinha não me obrigassem a comer as suas sopas de caldo-verde, com pedaços da melhor relva e regada com a melhor lama. Uma visão pavorosa.
Mas isto não é nada. Contra minha vontade, e que isto fique bem acente, por várias vezes me vestiam com as roupas da bonecas e me passeavam no carrinho da ditas.
Numa certa tarde em que me confiaram às garras da desvairada da minha irmã, ela tratou de me usar para experiementar a sua vocação cabeleireira de 4 anos, inovando com o meu parco cabelo num corte digno dos maiores defensores do cubismo hermético.
A dominação estava sempre presente.
A minha mãe obrigava-me a comer ou a ir deitar-me às 9:30 sem sequer poder ver a sessão da noite na televisão. A mim! Um jovem de 3 anos.
O mundo está cheio de injustiças.
E a gata lá de casa que o diga, pois quando não era o menino a puxar-lhe o rabo, era a menina. Isto para não falar que no dia do corte cubista, em que a gata teve direito a ficar sem bigodes.