Uma lista de Natal

Este ano, e plagiando descaradamente Paulo Laureano, anexo abaixo a fabulosa lista de prendas que poderiam estar na minha meiazinha no dia 24 de Dezembro.

DVD – O Senhor dos anéis

A história de um anãozinho que não tinha mais nada que fazer do que andar a correr montes e vales a fugir das experiências falhadas da Corporacion Dermoestética.

DVD – Star Wars: The atack of the clones

Uma fabulosa aventura “”far, far away”” com o pai do Luke Skywalker, uma pilha de efeitos especiais e a mais fantástica e ridicula luta de Bosses:

Christopher Lee, um gajo velho como o tempo a fingir que é um novo vilão, e Master Yoda, um desenho animado a fingir que é velho como o tempo a saltar mais que o vilão.

Midas Remote Control Watch

Melhor que o controlo remoto, só um relógio com controlo remoto. Bem… O controlo remoto têm muitas mais funções, mas com este, até em casa dos amigos, quem manda é você.

T-Shirt: generic humanoid carbon unit

Melhor que meias, só uma T-Shirt. O melhor é que a t-shirt pode mandar uma mensagem.

Relógio Russo

Ya! Isbrisniev ostopov Tic tac. Nada como uma cebola à moda antiga para saber sempre as horas. Não perca mais uma oportunidade de deitar dinheiro à rua.

PDA – Pocket Loox Fujitsu

Quando é que é aquela reunião? O que temos de comprar no supermercado? O PDA como bloco de notas, o melhor que um homem pode querer para não se esquecer nunca mais do aniversário do vosso primeiro beijo.

Usabilidade em projecto de desenvolvimento

Digo pregar pois que muitas vezes repete-se a cartilha tantas vezes às equipas de desenvolvimento que tenho a sensação de que fui até ao novo mundo levar a boa nova.

Os responsáveis dos projectos, pressionados pelas prestações fracas das equipas de desenvolvimento na matéria, pela hierarquia e outros factores externos ao projecto, dirigem-se a mim e pedem para eu aplicar “”aquela coisa da usabilidade””.

A resposta a este pedido deveria ser a pergunta: “”Quer que embrulhe?”

Pois a usabilidade não se vende aos bocadinhos, não se embrulha para desenbrulhar apenas quando queremos, não serve para oferecer às partes ou repartir, e mesmo que assim fosse todos os bocadinhos juntos não fariam um total, mas apenas um conjunto de bocadinhos.

Geralmente quando os testes são solicitados já é muito tarde no processo de desenvolvimento.

A intrevenção tardia provoca então o aparecimento de tarefas de correção que acrescem nos custos de desenvolvimento.

A resposta rápida do fornecedor a este tipo de correcções é que os requisitos ou as funcionalidades foram alterados, havendo assim lugar a alteração do orçamento, o que como consequência provoca a decisão do responsável do projecto em não efectuar as ditas alterações.

Então em que ficamos?

Cada projecto de tecnologias de informação deverá definir explicitamente que tarefas e em quanto tempo é pretendido que a aplicação facilite. Estes requisitos permitiram a exigência inicial dos respectivos testes, dado que a análise funcional deverá permitir dar resposta a essas exigências.

Então como podemos ajudar os Analistas que desenvolvem a análise funcional?

Muitas questões que se pretendem resolver foram antes resolvidas por outros de forma pioneira e normalizadas para poderem ser aplicadas em massa sem a necessidade de testar toda e qualquer funcionalidade.

A produção de um caderno de normas graficas, elaborado coerentemente e testado junto dos utilizadores, que especifique e normalize os desenvolvimentos dos interfaces poderá facilitar em muito a relação e aceitação dos utilizadores.

Mas muitas equipas de desenvolvimento, habituadas que estão a desenvolver sem quererem fazer recurso à normalização, pretendendo com isso produzir algo novo, esquecem-se que esta normalização permite que esforços de pesquisa sejam atribuidos a tarefas que resolverão problemas expecificos da aplicação.

Será responsabilidade dos técnicos ou dos gestores de projecto? De ambos. O gestor de projecto se acredita que tudo o que os seus colaboradores estão a efectuar é completamente novo apenas demonstra a sua ingenuidade, por outro lado o técnico que julga que pode re-inventar a roda só demonstra a sua mediocridade.

Em português currente, até parece que estou a tentar puxar a brasa à minha sardinha dado que estando os desenvolvimentos normalizados, haverão menos variáveis para controlar durante os testes de usabilidade e os testes funcionais.

Os argumentos para não testar as aplicações, em qualquer das suas vertentes, e desculpem-me a analogia mediocre, é igual ao dos construtores automóveis para não testarem as suas viaturas em cenários de desastre.

Mas há algo de errado com esta analogia, uma vez que os testes com viaturas estão lá para assegurar a vida do condutor e seus acompanhante, mas leiam atentamente os Acordos de utilização ou End User License Agreement de certos sistemas operativos e programas antes de os usarem num sistema electrónico de controlo fabril ou de suporte à vida.

O que se vê ao fim do túnel

Mas desculpas para quê? Afinal de contas não é como se tivesse andado por aí a VENDER DOS MAIORES ACTIVOS DO PAÌS não me parece que tivessem tido problemas a controlar o DEFICE!

Durão amigo, estamos contigo. Hoje a infra-estrutura da PT, amanhã o Parlamento.

Sim, porque se os hospitais podem ser concessionados e as linhas da PT vendidas, porque não passar a Assembleia da República para a gestão privada?

“Estou sim… Assembleia da República Sonae… Quer falar com quem? Não. Peço imensa desculpa. O sr. Durão Barroso e o seu staff mudaram-se para o antigo prédio do Museu da Marioneta. O quê? Se não eram muitos? Sim, mas depois de serem Re-Estruturados ficaram tão poucos que cabem lá todos.”

Talvez com jeitinho nos dêem um bom preço pelos poucos metros quadrados que ainda nos restam de território:

“Vende-se terreno junto ao mar para construção de moradia. Excelente localização na periferia da Europa. Preço de ocasião.”

Provavelmente os compradores viriam visitá-lo, em grupos.

Ele, jovem casadoiro, acompanhado pela mãe e a futura esposa, a falar árabe:

– Que achas, mãe?

– Fica muito longe da minha casa. Como é que te posso vir visitar.- Respondia a mãe.

A rapariguinha excitada: – Ficamos com ele, querido. Por favor…

Se calhar a conversa íria terminar à portuguesa:

– Faça lá uma atençãozinha.

Mas não me parece que o João Jardim quisesse entregar a Madeira como oferta:

– Independência ou … Quem é que nos vai mandar dinheiro?

Pelo menos demos uma alegria ao Patrão da Madeira. Pelo menos a fama de ganhar a vida de a se babado por velhos não ficou só para lá para aqueles lados.

Aparentemente as personalidades aqui do continente também gostam de papar meninos.

Eu fiquei tão espantado como vocês. Sim! Também temos pedófilos no continente. Não! Não é nenhuma doença de marinheiros que estão à muito tempo longe do continente.

Aparentemente, vejam lá, ali para os lados do Parque Eduardo Sétimo em Lisboa, a malta ganha a vida a entrar em Mercedes. Parece que lá dentro estão uns velhinhos altruistas que oferecem tudo para xupar pilinhas.

Dizem que é como os jaquizinhos: Cabeça, olhinhos… Papa-se tudo.

Para que se lembrem de mim este Natal dedico o espaço da história da minha vida a uma EXCELENTE ideia que o Paulo Laureano me deu este ano e que vou plagiar descaradamente:

– Uma lista de Natal.

Paternidade – O projecto

Numa decisão estudada e ponderada relativamente à nossa herança para gerações futuras, decidi em conjunto com a minha mulher darmos mais uma alegria aos nossos pais: Um neto.

Sim, é oficial e está registado em vídeo, fotografia e também em todos os exames que a minha mulher e sócia neste projecto têm feito desde o momento em que nos decidimos iniciar esta empreitada.

Como em todos os projectos em Portugal, o nosso sofre dos mesmos males.

As negociações com o cliente não foram muito longe pois este não sabia bem o que queria:

“Não me importo que seja menino ou menina. Se for menina também é bom. Se for menino também quero.” E se não chover amanhã, faz sol.

O âmbito fica claramente mal definido, sendo absolutamente claro para todos que mesmo sem definições concretas, mas com um objectivo absolutamente inalterável: O projecto terá de ter a duração máxima de 9 meses.

O cliente dificilmente ficará satisfeito:

“Pois, quando tu nasceste eras muito maior. Eu disse-te que ela tinha de comer mais.”

Ou qualquer outro comentário embaraçoso como “Sabes, filho, quando nasceste a enfermeira andou a mostrar os teus genitais a toda a gente por serem tão grandes.”

É natural que os rapazes acabem por isso por chorar mais que as raparigas. Eu também devo ter chorado bastante pois após 9 meses de chutar as minhas próprias bolas, deviam estar roxas.

Quanto ao planeamento deste projecto então nem se fala. Empurra daqui, puxa dali, e duas semanas depois compra-se Predictor que “A primeira a saber és tu.”

Pois. Ela e todo o pessoal hospitalar que lhe deu assistência nesse dia.

Já não se arranjam fornecedores em condições. São todos iguais.

A desculpa é sempre a mesma. “O senhor já me entregou o material com defeito.”

“Com defeito não, meu senhor. Que a minha mulher não é nenhum forno de segunda.”

E pimba. A barriga a crescer e os dias a passar. A coisa estava a aquecer.

Não houve análise e planeamento que resistissem.

Entre listas hospitalares de enxoval para o menino e roupa para a menina, mobilou-se o quarto da criança.

Num esforço de minimizar o impacto da chegada do novo elemento, dirigindo-nos até às creches locais à procura de uma que com berçário pudesse acolhê-lo após o período inicial de repouso do parto da mãe.

Claro que os míseros quatro meses a que as progenitoras da raça humana têm por direito ficam muito aquém das estimativas dos técnicos competentes: As gerações e gerações de mães que nos trouxeram até aos dias de hoje.

É claro que ninguém se lembrou de contractualizar a manutenção posterior:

– Para lavar e limpar mensalmente propomo-vos um valor fixo…

Mas não pensem que isso vos livra de trabalhar, porque como todo o bom fornecedor de serviços se alguma coisa corresse mal, digamos uma diarreia a resposta era logo:

– Bom… Isso não estava contractualizado. Vamos analisar o pedido. Mas que fique assente que foi alguma coisa que lhe deram e não fomos nós.

Agora que falta tão pouco tempo para o projecto chegar ao fim, surgem os pássaros todos de mau agoiro com histórias de experiências tipo campo de concentração e momentos de angústia nocturnos:

– A amiga da minha prima quando foi para sair a criança, o médico meteu ferros, meteu ventosa e no fim teve de sair com um saca rolhas.

– Eu não durmo nada desde que ele nasceu. Só pensa em comer e cagar.

A parte mais difícil no final de um projecto é sempre a motivação. Ninguém ajuda. É toda a gente a desajudar.

– Ele vai sair com a mudança da lua. É como as marés e as lulas.

Naturalmente que quando a criança estiver cá fora toda a gente vai dizer:

– Eu tinha dito. Eu sabia.

Mas venha lá o rapaz Tomás.

A ferros ou ventosa.

Com a lua ou com a maré.

De cabeças ou de pés.

Ele que não se preocupe com o que vão dizendo as más línguas, pois que o que interessa é que vai ser o projecto mais lindo do papá e da mamã.

Feliz Ano Novo

Completamente a despropósito, o ano novo não trás nada de novo.

Estou outra vez atrasado. O ano novo foi à tanto tempo e eu nem disse nada durante este tempo todo

Digo-vos que também não sou grande adepto da festividade.

Os donos dos bares e discotecas confundem-na com o Carnaval e os seus clientes confundem o chão com a sanita.

Cobram-se três ou quatro vezes o valor da entrada com a vantagem de apenas terem investido em papelinhos, balões e serpentinas. Eventualmente compra-se um disco de Carnaval no supermercado, com a Chiquita Banana e outras pérolas do Samba Carioca que toca incessantemente até os convidados caírem de podre.

Logo cedo chegam aquelas pessoas que só vão à rua no Carnaval e, claro… no Ano Novo.

Naturalmente que com a perspectiva descrita eu também só saía de casa de seis em seis meses.

As pessoas que chegam mais tarde são as mesmas de sempre, os chamados habitués. Uma espécie de decoração de balcão que serve para encher o espaço para parecer que têm muita gente e a quem os donos destes estabelecimentos vão facilitando umas doses grátis de bebida branca e conversa para os manter sossegados.

Por esta altura já a sala está cravada de lantejoulas e mau gosto

As gravatas apertadas em caras mal barbeadas com penteados por aparar pulam de um pé para o outro na esperança de hoje ser o dia em que vão tirar o bicho da miséria com alguma relaxada que se deixa enganar.

Perto da meia noite o entusiasmo está no seu auge e há que encontrar passas e uma imitação de champanhe qualquer para brindar.

A música baixa e o Mestre de Cerimónias, algum porteiro ou patrão, que se convenceu à muito que desperdiçou em tempos uma carreira brilhante nos Mass Media, dita os segundos que faltam:

– Dez!…

– Nove!…

– Oito!…

– Sete!…

– Seis!…

Passa a passa. Chegam as 12 badaladas. Beijos e abraços.

Alguns choram por terem chegado ao fim de mais um ano, como se o ano novo fosse realmente novo.

É apenas a continuação do segundo anterior, do minuto, da hora, do dia, do mês, do ano, do século. Uma eternidade em fila de pirilau, em que o ser humano consegue ter menos importância que os chatos têm no escroto: Algo que sabemos que pode lá estar e de que nos queremos ver livres.

Tal e qual comboio sem condutor, a noite prolonga-se até altas horas, como se cada novo minuto permiti-se novas oportunidades nunca vistas surgirem.

Há que esperar pelo nascer do sol, uma vez que nos outros dias aparentemente ele não nasce.

E hordas de zombies, atestados de bebidas alcoólicas e outros alterantes do estado de espírito, dirigem-se todos para a praia ou espaço aberto mais próximo, e como basbaques aos caídos, olham para o céu.

Lamentavelmente ninguém se lembra que lá porque o ano mudou, as continhas continuam por pagar, o patrão não deu férias a toda a gente e os impostos não vão tardar.

Mas o ano novo é acima de tudo a festa dos nada têm para festejar, tendo assim uma razão de se felicitarem por algo que era absolutamente inevitável. Tipo desportista de bancada:

– Granda golo que marcámos. – Mas quem chutou a bola foi alguém que eles só dizem conhecer porque lhes é dado a saber pelos jornais e que a única ligação é a quota que pagam ao clube e que podia ser ele ou outro qualquer, desde que pagasse.

Assim como no futebol, o essencial escapou-se nas barbas do desportista de bancada da vida. Mais um ano em que podia ter feito algo, lutado por alguém, ajudado outros tantos, e por ter sido bem sucedido nas suas demandas, ficar feliz. Mas a sua natureza não é essa.

Como vacas na pastagem, ficam felizes por pastar, regozijam-se por cagar, não sabe, de onde vem a erva, nem para onde vai a caca, mas todos os anos felicitam-se por sobreviverem mais um ano ao matadouro.