Congressos, blogs e Twitters

VoteAssistimos num crescendo ao que entendo ser uma mudança em Portugal que só poderá enriquecer a nossa Democracia.

Refiro-me à participação assumida de Bloggers nos Congressos partidários e ao comentário paralelo dos debates no Twitter.
Até agora não era possível participar em debates que eram mantidos por uns quantos eleitos. Pelo menos não o era em tempo real e com consequências reais.

O debate aberto, embora que em 140 caracteres de cada vez, está a ser mantido sobre o Twitter, muito na moda, de forma aberta e com possibilidade de ser analisado publicamente.

O que se passou no rescaldo do Congresso do PS com a petição de #mrsPE (Marcelo Rebelo de Sousa – Parlamento Europeu) fez prova disso. Em menos de dois dias, juntaram-se mais de 100 assinaturas, ficando a petição no final de uns três ou quatro dias com pelo menos o dobro em assinaturas reais e um número igual de Spammers e tentativas de chacota.

O que se sucedeu dois dias depois da apresentação do #mrsPE também não é menos notório. O professor Marcelo Rebelo de Sousa tomou posição contrária ao que a petição pretendia, e o auto-proposta candidato José Pacheco Pereira mostrou-se ofendido e atacou a iniciativa, difamando-a e apontando-a como uma maquinação. Pessoalmente, como segundo na lista de maquinadores, lamento informar mas a única máquina nas minhas mãos foi o meu computador.

Em todos os quadrantes políticos, surgem iniciativas de entrada para o ciberespaço para além dos sites de divulgação da doutrina. Iniciativas que nada têm a ver com o modo estático de fazer politica que anteriormente existia.

Os cidadãos fazem agora uso do seu direito de uso da palavra para opinarem sobre e o que muito bem entenderem, ainda que a custo de adquirirem computador e acesso à Internet. Este é um direito que faço questão de exercer e que não deleguei em ninguém. A ninguém mesmo.

O que os cidadãos delegam nas listas partidárias é o direito de tomarem as decisões necessárias para atingir os objectivos propostos nos programas que sufragaram nas urnas. Não delegam o seu direito de opinião.

Uma palavra para a “luta de classes” referida muitas vezes ainda pelos que se dizem de esquerda e tantas vezes referidas nestas discussões online: Esta luta de classes é hoje, em meu entender, um fumo de outras eras que apenas “a classe dominante”, se é que ela existe, poderá querer perpetuar.

Colocar tanta inteligência num pretenso grupo de empresários desorganizado como se tivessem omnisciência colectiva é quase classificável como esquizofrenia.

O que os últimos debates acompanhados pelos comentários em blogs e Twittadas provaram é que as classes na Internet não existem e todos temos direito a opinião. Até eu.

Os parabéns são merecidos a todos os Bloggers e Twittadores, independentemente da cor e filiação, pois no ambiente de medo de represálias e tentativas de silenciamento dos actuais bonecos falantes (refiro-me aos pseudo-comentadores políticos que as televisões empregam), termos falado abertamente e sem nos escondermos por detrás de pseudónimos, restaurou a minha confiança no sistema democrático e liberdade de expressão.

O dilema de Manuela Ferreira Leite

Manuela Ferreia Leite, Lider do Partido Social Democrático

Estão na Internet uma petição, um site e uma discussão no Twitter que propõem o nome do Professor Marcelo Rebelo de Sousa para o papel que ele destinava ao Pedro Passos Coelho. Este movimento online já teve os seus reflexos em blogs de jornalistas acreditados.

Aguarda-se que Manuela Ferreira Leite apresente a decisão do seu partido e só depois se poderá saber que influência poderão ter outras iniciativas como esta.

A líder do Partido Social Democrático, Manuela Ferreira Leite, têm entre mãos aquela que pode ser a decisão que definirá o seu futuro como Presidente deste partido.

Será realmente a primeira decisão que têm de tomar em termos partidários e que poderá redefinir o rumo dos acontecimentos para o PSD.

Á sua frente tem como adversários:

  • O Partido Socialista que está galvanizado em torno do seu líder, líder que faz questão de mesmo em campanha pelas Europeias, dar destaque a José Socrates, mas que apresenta um candidato realmente de esquerda com o ex-militante do PCP;
  • O Bloco de Esquerda com dois homens que construíram a sua posição rodeados pelos descontentes, e todos sabemos como são cada vez mais em Portugal;
  • O Partido Comunista, que ainda não apresentou a sua lista, mas que como sempre contará com os seus fieis militantes e apoiantes, que pouco se vão desviando para a concorrência;
  • O CDS-Partido Popular que se bate pelos descontentes em concorrência directa com o Bloco de Esquerda, debita mais medidas por minuto que o Bloco de Esquerda, mas sofre do mesmo mal de nunca poder vir a ser governo sozinho e por isso são-lhe permitidas todas as irresponsabilidades; e
  • Todos os outros movimentos que surgiram desde o inicio do ano e onde se incluem os movimentos Melhor é Possivel e Movimento Mérito e Sociedade, de onde não me parece que venha a ter problemas.

Ao seu lado, na sua própria casa:

  • A contestação de Luis Filipe Meneses, o inevitável inimigo interno e que continua a contar com as espingardas de todos aqueles que gostariam de ver o líder do seu partido comportar-se como se comportam o líder o Bloco de Esquerda e do CDS-Partido Popular;
  • A corrosiva participação de Pacheco Pereira, que é o Manuel Alegre do PSD;
  • A critica de Marcelo Rebelo de Sousa, que sempre vai dando uma no cravo outra na ferradura, e que acossou a dama do seu canto para a ribalta onde brilha menos; e
  • A oposição em surdina do Pedro Passos Coelho que leva atrás de si todos os que acham que não basta ter medidas, há que ter imagem para as apresentar ou mesmo vender.

O meu entendimento é que o PSD não têm a iniciativa pela circunstancia de se encontrar na oposição e a sua líder têm mais Brutus que Delfins. Para Manuela Ferreira Leite, eliminar da corte qualquer um dos seus populares contestatários, poderia ser já como tirar a cabeça de fora de água para respirar um pouco entre cada braçada, face ao trabalho que estes lhe têm dado.

A possibilidade de Manuela Ferreira Leite propor Pedro Passos Coelho como cabeça de lista do PSD às eleições europeias foi avançada por Marcelo Rebelo de Sousa na rúbrica deste passado domingo, mas foi entendida por alguns como sendo uma maneira de ele próprio se oferecer para o papel, algo que é bastante rebuscado, acabando ainda assim por surtir os efeitos já vistos na Internet.

Vamos esperar.

Oscars já não são o que eram

Wall-E wins OscarPassou mais uma noite dos Oscars, a 81ª noite dos Oscars, e o mundo parou mais uma vez para ver.

Houve comentadores, programas alargados e foi transmitido em todos os países… que tinham direitos de transmissão.

Passadeira vermelha e comentários venenosos no Twitter: “A Kate Winslet só comeu yogurtes por 15 dias” ou “No palco 3 em 5 mulheres sem bottox ou implantes mamários”.

10 minutos depois de Penelope Cruz ganhar o Oscar já a sua página na Wikipedia tinha sido aditada.

“Slumdog Millionaire” ganhou o Oscar de argumento adaptado e o Twitter encheu-se vivas e apupos, mas todos discutiram abertamente os méritos do filme sem se conhecerem de outro lado que não fosse o próprio Twitter ou os blogs onde escrevem habitualmente.

Wall-E ganhou o prémio de melhor longa metragem animada, todos bocejaram pelo que já era esperado e disseram que o filme era para adultos.

Foi como estar com a sala de estar cheia de gente, mas não estava lá ninguém.

Não ouve bebidas para comprar, nem aperitivos para escolher, mas também não ouve pratos e copos para lavar, nem vizinhos a chatear do barulho.

Sem necessidade de preparação, nem combinação de local e logistica, perdeu-se em antecipação, e ganhou-se em limpeza e arrumação, mas perdeu-se em experiência e convivio.

Os Oscars foram seguidos na solidão acompanhada da Internet, deitado com o portátil ao colo a escrever este post e a clicar alegremente em todos os links que me passaram pelo ecrã.

Nem vi os Oscars, nem Twittei nada de jeito. Não bebi uns copos ou comi uns petiscos na companhia dos meus amigos.

Para o ano, com tanta API e retransmissões, Twitts, Blips e Facebooks, mas certamente esquecido definitivamente dos meus amigos, sigo os Oscares para aí de um qualquer dashboard em esteróides que surja na net e ainda consigo jogar Tetris e lêr emails ao mesmo tempo.

Sobre a gestão caseira

Mulher com dinheiroA gestão do orçamento familiar deve ser uma preocupação de cada um, endereçado por cada chefe de família como se se tratasse do orçamento de uma empresa.

Numa perspectiva de gestão do esforço familiar, deveria igualmente fazer-se um plano trienal ou menos ambicioso, um plano anual, que devia ser revisto a cada três meses quanto ao seu cumprimento.

Na manutenção familiar, e para aqueles em que todos os rendimentos vão directamente para o banco, obter via serviço online a informação até pode ser uma tarefa simplificada, dependendo de ter ou não mais contas para controlar, mais obrigações ou melhor ou pior serviço online do seu banco.

Pequenas alterações ao orçamento seriam seriam fáceis de encaixar e controlar não fosse a alteração brutal do ambiente externo ao exercício de gestão que estes controlam. Estou a falar do preço das hipotecas e dos combustíveis.

Não sou apoiante de todas as teorias da conspiração de como o preço do combustível é controlado apenas por umas quantas pessoas, mas começo a ficar desconfiado…

Os combustíveis parecem teimosamente não querer deixar de nos mudar o estilo de vida e empurrar a todos para a pergunta que se impõem: Que alternativas?

Os governos, se querem continuar a ser eles a resolver-nos todos os problemas das nossas vidas, terão de arranjar alguma coisa com que solucionar isto. E não pode ser urinar no depósito pois segundo a lei portuguesa, até isso paga imposto.

Se virmos bem, as alternativas actuais não resolvem nada. Os transportes públicos não têm condições para trazermos as compras para casa.

Aí está algo que ninguém se lembra nunca quando está a escolher o carro: será que dá para levar a avó à missa aqui?

Acho que a principal razão pela qual não conseguimos realmente livrar-nos do problema é porque não é suposto. É mesmo assim.

Como a cenoura e o pau são para o burro, com a crise para nos por a correr de medo de levar-mos com o pau e a melhoria de vida para nos por a pensar que algum dia lá vamos chegar.

O luxo de utilizar 3G

3G ChinêsO computador ubíquo nunca vai acontecer em Portugal se continuarmos com preços de acesso à rede de dados a valores pouco convidativos.

É certo que a tarifa é a mesma de um acesso ADSL ou Cabo, mas as condições não se comparam e por isso… retirem lá o acesso das aplicações à Net sem autorização do utilizador se querem manter a conta baixinha.

A previsão que nos venderam há 8 anos atrás foi que teríamos um objecto sempre presente com a capacidade de receber e enviar dados e com noção da nossa localização. A georeferenciação prometida permitia abrir automaticamente as aplicações que mais necessitaríamos na localização em que esse objecto se encontrasse.

Desconhecedor da matéria, mas um verdadeiro apaixonado da tecnologia como solução para facilitar a vida do ser humano, tenho de dizer que em meu entender o que ficou visível disto tudo é que empenhámos o futuro tecnológico de Portugal nos medos dos informáticos, nas promessas dos vendedores e nos operadores do 3G.

Desta vez não estamos sozinhos: Todos os outros países do mundo fizeram o mesmo.

Não estou muito preocupado com os operadores e os preços que pagaram pela concessão de exploração do 3G.

Os operadores continuam a lucrar com os serviços de voz. Tiveram dinheiro para o Oni-negócio e por isso não há que ter pena deles.

Não me parece que estejamos longe da visão do 3G que nos venderam, isto porque as tarifas de comunicação de dados terão mesmo de baixar até atingirem um valor mensal aceitável para um volume de dados razoável. O que os operadores precisam é de um empurrãozito.

Nada que a existência de sites com preocupações para os clientes com telefones moveis e PDA não tivesse ajudado. Afinal de contas sem funcionalidades e conteúdos com informação relevante, para que é que quero eu ter acesso Internet do telefone ou PDA?

O ideal é podermos navegar a web a partir de um objecto que tenha a capacidade prática de estar sempre connosco.

Desculpem-me os quadrados, mas um portátil não é esse objecto por razões que nem me vou dar ao trabalho de enunciar.

Por objecto transportável, refiro-me à promessa dos tais aparelhos 3G que iriam substituir os telemóvel e juntar tudo.

Estamos quase lá com a oferta tecnológica, veja-se o iPhone com aplicações que reconhecem a nossa localização e iniciativas na net como o wizi.com ou outras ligadas ao Google Maps.

Os operadores não se podem agora desculpar a dizer que não existe penetração por parte dos fabricantes do equipamento para não aceitarem a responsabilidade.

Acesso ubíquo não pode ser um luxo. Faltam os preços.

Os preços das comunicações moveis de dados têm de baixar significativamente e este canal terá de ganhar a mesma penetração junto da população que o GSM antes de poder ser usado lucrativamente ou com ganhos de produtividade.

De outra forma continuaremos a olhar para o 3G como um luxo e não uma vantagem competitiva para cada um de nós e para o nosso país.

Baixem os preços das comunicações de dados e cumpram a promessa.