As campanhas politicas e o SPAM

email-spamO meu entendimento é que os eleitores não deveriam estar sujeitos à recepção de comunicações não solicitadas de forças politicas, listas ou outro tipo de candidatos de qualquer eleição para cargos públicos, seja ela nacional, local, legislativa, europeia ou qualquer outra existente ou por inventar.

Ninguém deveria ser sujeito a receber forçosamente qualquer tipo de informação.

Se o objectivo é de alguma forma obrigar os eleitores a votarem, tornem-no obrigatório ou penalizem quem não o fizer, mas não forcem os que já votam a serem cilindrados sem defesa por todos os candidatos a todos os cargos públicos que estão em jogo.

Tenho este entendimento porque considero que o que está o site da Comissão Nacinonal de Protecção de Dados é verdade, claro e não deve ter excepções.

O que aconteceu em eleições anteriores é que acabam por surgir nas caixas de correio mensagens dos candidatos, endereçadas ou de distribuição manual.

Com os candidatos politicos às eleições que se avizinham a abraçarem as redes sociais e a Internet, preocupa-me que venham a intrepretar o direito à Liberdade de expressão e de informação previsto na lei eleitoral de forma em meu ver abusiva.

A minha preocupação é baseada no que leio no site da Comissão Nacional de Eleições no Artigo 58º  – Liberdade de expressão e de informação da Lei Eleitoral que não bate certo com o que é dito no site de Comissão Nacinonal de Protecção de Dados:

  • Comissão Nacional de Eleições:
    • No decurso da campanha eleitoral não pode ser imposta qualquer limitação à expressão de princípios políticos, económicos e sociais, sem prejuízo de eventual responsabilidade civil ou criminal.
    • Durante o período da campanha eleitoral não podem ser aplicadas às empresas que explorem meios de comunicação social, nem aos seus agentes, quaisquer sanções por actos integrados na campanha, sem prejuízo da responsabilidade em que incorram, a qual só pode ser efectivada após o dia da eleição.
  • Comissão Nacinonal de Protecção de Dados:
    • Todos os cidadãos têm direito de exigir que os seus dados sejam recolhidos de forma lícita e leal;
    • Todos os cidadãos têm direito de exigir que os seus dados pessoais não sejam comunicados a terceiros sem o seu conhecimento e consentimento; e
    • Todos os cidadãos têm direito de impedir que os seus dados pessoais sejam utilizados para finalidade incompatível com aquela que determinou a recolha.

A minha pergunta é se podem ou não ser consideradas como mensagens não solicitadas as mensagens de divulgação dos candidatos politicos e suas propostas recebidas por email ou correio.

Quando temos à porta 4 eleições, preocupam-me as desculpas para emissão de milhares de mensagens não solicitadas que todos os eleitores irão receber.

Preocupam-me os processos de antipatia que estas mensagens irão criar em possíveis votantes, dificultando ainda mais o combate à abstenção.

Quando vejo o fervor com que todos os candidatos abraçam as redes sociais na World Wide Web, preocupo-me pelo meu sossego.

Preocupa-me pela quantidade de pessoas que podiam ser convencidas a votar e não o irão fazer por despeito face à quantidade de lixo informático que irão ter de tratar.

Quando oiço consultores a falarem do sucesso do caso Obama nas eleições Norte Americanas, considero que estão reunidas as condições para que muito boa gente atropele os direitos de outros tantos.

Votem, mesmo que seja em branco

writing-hand“Votar, mais que um direito, é um dever civico.” Este era o slogan da CNE (Comissão Nacional de Eleições), mas também podia ser uma lenga lenga para iniciar as crianças nas escolas nos hábitos do nosso sistema democrático.

Votar devia ser obrigatório, mas isso seria um atentado à liberdade de escolha dos que optam por não participar dos actos democráticos e assim se auto-excluem da democracia participativa.

Não votar é para os que escolhem excluir-se eles próprios do processo democrático, perdendo assim o direito moral de criticar os seus actos, visto que estes lhes passam a ser alheios.

Moralmente, um cidadão que se excluí do processo de voto não pode depois selectivamente escolher quando quer ou não quer participar nos actos e resultados a que a democracia dá direito. Excluíu-se e por isso coloca-se à mercê das escolhas dos outros.

Para os que votam, mesmo que em branco, votar é escolher aquela que parece ser a melhor proposta e não responsabilizar-se pelas atitudes e decisões futuras daqueles em que votaram.

Votar é mais que um direito, é um dever, uma obrigação de todos os cidadãos que considerem que a democracia continua a ser o único sistema que nos serve a todos, independentemente das suas falhas.

Votar, mesmo que seja em branco, pode também ser uma mensagem, e se votar garante que a mensagem é entregue.

Quanto mais cidadãos votam, melhor será a decisão tomada pelo colectivo, mesmo que na contagem final não tenha mais votos a mensagem ou partido politico em que acreditamos.

O voto no partido no poder dá um sinal de aprovação quanto à sua governação, premeia a equipa que este têm.

O voto num partido que não tenha hipóteses de governação, é uma demonstração que não nos agradam as posições do partido no governo, mas também não estamos interessados nas outra opção de governo.

Qualquer que seja a escolha no boletim de voto, será sempre e sempre a escolha mais acertada para o cidadão que está a votar, mas a melhor escolha, o melhor partido, a melhor proposta, só pode ser a que é contada nos votos.

Não votar garante que o caminho está aberto aos que acham que não nos importamos com o nosso futuro, serve os que pressionam o poder para tomar partido contra os que votaram, para garantir a suspensão temporária da democracia.

O voto em branco serve a todos os cidadãos pois dá o tão desejado sinal de descontentamento a toda a classe politica pelas embrulhadas em que nos envolveram.

O voto em branco também serve para dizer a todos que estamos atentos e sabemos que estes são os politicos que temos, mas que nem por isso acreditamos que sejam modelos de virtudes.

Votar é a melhor forma de tomarmos uma atitude no nosso sistema democrático. Não votar não é nada.

Vai começar o ciclo eleitoral mais longo de que tenho memória. Aproveitem para exercitar o dever e votem. Votem, nem que seja em branco.

Analogías e outro tipo de subterfúgios para mentes menos capazes

analogiaA vida é como um copo de água. Umas vezes cheia, outras vazia.
Para uns meio cheio, para outros meio vazio.

À quem nos encha o copo e quem nos parta a bilha. Umas águas mais limpas, outras mais turvas.

Algumas vezes podemos receber ajuda, alguém nos comprou uma garrafa de água. Outras vezes mijam-nos para o copo e pedem-nos que bebamos.

As analogias permitem a criação de metáforas mais ou menos complexas.

As analogias permitem-nos refugiar-nos nelas sempre que não saibamos alguns termos mais recônditos ou rebuscados, passando a impressão que estamos a usá-las para permitir que os outros nos compreendam, de uma certa forma paternal.

A mediocridade do seu uso é tão imensamente grande que quase fico sem assunto.

O que nos leva à questão da mediocridade. O que é que podemos dizer acerca da mediocridade?

A mediocridade pressupõem a existência de um ser humano, pois dizer que um objecto é medíocre é apenas culpar o inanimado do erro do seu criador.

A mediocridade não se trata apenas da incapacidade de alguém efectuar algo, palpável ou não, mas também a sua incapacidade de a determinar (à incapacidade). Isto é, pode ser-se medíocre só por não se saber que se é.

Isto não quer dizer que um desportista ao perder uma corrida é uma demonstração da sua mediocridade, dado que seria impossível pela sua parte ter conhecimento da maior capacidade do outro atleta que o venceu.

Quer dizer sim que para além de perder claramente terá de o negar invariavelmente. Mas dizem vocês que quem perde e não assume são os comunistas. A isso responde-se que eles têm desculpa.

Então numa metáfora medíocre, pode-se dizer que o Paulo Portas é comunista, perde e não assume.

Talvez no caso do CDSPP o problema não seja tão linear, dado que agora teremos antes de falar em clube dos medíocres, de tal maneira que se prepara agora o confronto dos pixotes. Tipo guerra de galinheiro que dificilmente será ganha por um pintainho.

Acabamos numa maravilhosa analogia metafórica da mediocridade em que o problema é como uma pescadinha de rabo na boca, em que a grande questão é se as pescadinhas sofrem de flatulência.

Como um bêbado que não o assume e por isso não se cura, as analogias têm destes perigos. Cada um as entende com o conhecimento e experiência que têm e a frase correcta peca por não ser dita: A analogia é uma merda!

Uma questão de autoridade da imagem

pspcomissariapaulamonteiroAs policias já não são hoje nada do que eram dantes.

Já não é só com a sr.ª Comissária Paula Monteiro, sempre a falar na televisão que mostram uma nova imagem.

Já não somos nós os seguidos, mas eles que são seguidos no Twitter. A @GNRepublicana está lá e a @DNPSP também.

Vamos ter saudades dos senhores “lá de xima” agora que são todos obrigados a dizer os esses e andar em forma.

O Agente da Autoridade aproxima-se da vossa viatura. Inspeciona a carroçaria com ar de entendido e faz a continências.

– Bom dia. Os xeus documentux.

– Sabe, senhor guarda…

– Xinhor guarda, não. Agente da Autoridade.

Agente da Autoridade… qual autoridade?

Já reparam que ninguém lhes passa cavaco?

– Páre, ou eu dixparo! – Grita o “Agente da Autoridade” para um ladrão.

Acham que ele pára? O ladrão corre é mais rápido ainda.

O que queriam que ele fizesse? Que ficasse ali paradinho?

– Prontos. Ele já me disse para parar, eu paro. Não tenho outro remédio que não seja ir levar umas cossas na esquadra.

Não fiquem com pena, que o juiz já o solta. É tudo uma questão de imagem.

Há que parecer presente, mesmo que se esteja ausente ou estando presente não faça diferença.

Estado de depressão colectivo

DepressãoEncontramo-nos em estado de depressão colectivo. Não porque tenhamos sido despedidos, nos tenha morrido um parente querido ou porque estejamos doentes, mas porque não acreditamos que o futuro traga mudanças reais, melhoras ao estado em que nos encontramos ou alteração a como as coisas acontecem.

Perguntamo-nos:

  • Em que é que este governo é melhor que os outros que o antecedeu?
  • Em que é que este primeiro ministro é melhor que o que o antecedeu?
  • Porque é que havemos de confiar na gestão destes que lá estão agora se os resultados obtidos poderiam ser os mesmos com qualquer gestor desqualificado?

Quem são afinal as pessoas a quem confiamos os nossos direitos?

São pessoas IGUAIZINHAS a nós. Nem mais nem menos.

Foi não assumirmos isso é que nos levou a estar desconfiados e deprimidos face ao que o futuro nos trará.

Estes senhores não passam de seres humanos, sem possibilidades de melhoria à definição inicial do ser humano. E isto independentemente de acreditarem que os seres humanos são uma obra divina ou um acaso da evolução.

E não estou a identificar qualquer cor ou feitio e muito menos a perdoar, mas são seres humanos com medos e necessidades humanas, reacções e alterações todas elas muito humanas.

Cada um no seu pelouro a representar o que de melhor e pior temos no nosso espécime:

  • Choramingas ou vigaristas;
  • Vitimas ou aldrabões;
  • Fieis ou infiéis;
  • Monogâmicos ou poligâmicos;
  • Protectores ou predadores;
  • Observadores ou observados;
  • Culpados ou inocentes;
  • Acusadores ou acusados; mas
  • Acima de tudo humanos.

Humanos que por vezes são sedentos de dinheiro, outras vezes de comida, outras vezes de sexo, e não são perfeitos. São acima de tudo muito humanos.

Se não tivéssemos depositado tanta confiança nos nossos representantes, lideres, chefes e outros topos de hierarquia, não estaríamos hoje tão decepcionados e deprimidos.

Estivemos em negação. Negação que eles são humanos e por isso iriam falhar-nos.

Teremos de passar pelos 6 estados de morte anunciada até renovarmos a esperança:

  1. Negação;
  2. Fúria;
  3. Negociação;
  4. Depressão;
  5. Aceitação; e
  6. Esperança.

Estaremos em negação enquanto apoiarmos uma politica de show off.

Enfurecer-nos-emos quando virmos os nossos queridos e amigos a serem sugados por recessão e despedimentos.

Negociaremos quando permitirmos que se mantenha a fantochada para garantir estabilidade.

Entraremos em depressão quando nos apercebemos que de nada nos valeu termos estabilidade.

Temos mesmo de aceitar. Por favor, aceitem que temos perante nós nada mais que meros humanos. Pessoas falíveis, incapazes como tantos outros de combaterem os seus instintos mais básicos: sobrevivência e reprodução.

Enquanto não aceitarmos que estes são o que temos, enquanto estivermos a aguardar por D. Sebastião, enquanto não aprendermos a controlar os que temos, não conseguiremos passar para o estado da esperança.

Sem esperança há futuro, mas de que nos serve?