Serviço Público

O debate do dia vai estar muito em breve em saber se os canais de televisão prestam ou não serviço público e o cumprem ou não, e se o fazendo, cumprem com a lei. A silly season predispor-se-á a isto e a muito mais.

Mais uma vez José Pacheco Pereira vem interceder por nós simples mortais, agora com a preocupação de querer salvaguardar os politicos de primeira de todos os proto-presidentes de junta que queiram tempo de antena nos meios de comunicação social.

A resposta não se fez esperar e foi directamente do produtor ao consumidor: uma vogal do concelho regulador, a Prof. Doutora Maria Estrela Ramos Serrano Caleiro fez questão de lhe dar pessoalmente com a luva branca, mas vai tarde pois a blogocoisa já pegou na deixa e segue para a sillyseason a todo o pano.

A ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social) veio assim vincar onde a discussão será centrada, com a preocupação da salvaguarda da democracia pela igualdade de acesso à pluralidade de ideologias politicas em período de eleições através da directiva 2/2009 de 30 de Julho (PDF).

A lei consagra o estatuto de utilidade pública a instituições tão dispares (não confundir com disparates) como a igreja e os clubes de futebol e por isso à Comunicação Social, e principalmente às televisões, pelo seu poder natural, não chegará ser útil. Têm também de ser justas e isentas.

O verdadeiro serviço público que as televisões prestam neste momento é o de afastar as pessoas da utilização passiva da caixa e empurrá-las para as actividades mais sociais, como a troca de ideias mais simples e em 140 caractéres no Twitter, mas também por trocas mais aprofundadas nos blogs e mesmo nas colunas de opinião dos jornais impressos. A discussão no Twitter em torno do Prós-e-Contras é exemplo disso.

Mas da discussão sobre o serviço público e da televisão do estado nada de bom sairá para os telespectadores ou para os quadros da televisão pública se as partes, quero dizer os interessados, instrumentalizarem os canais de televisão concedendo espaço de opinião desequilibradamente.

O perigo será o aparecimento de novas cabeças pensantes que tentarão mais uma vez a teoria da privatização de mais um serviço público.

No meio das desigualdades de tratamento dos canais privados voltaremos a ter certamente a discussão se a RTP deve ou não ser privatizada, removida a publicidade e outros para criar a fumaça que apagará da memória as incorrecções desses canais privados.

  • Se optarem pela opção de retirar a publicidade à RTP, preparem-se pois que pelo dinheiro que se passará a poder pagar aos colaboradores na emissora pública, terão de pôr a Amiga Olga Cardoso para apresentar a Praça da Alegria.
  • Se por outro lado se rifar a RTP aos privados, eliminando totalmente o canal generalista, podemos ter de seguro que a guerra de audiências vai subir de tom, pois que havendo o share de publicidade do canal público para dividir entre os privados, haverá dinheiro para mais programas de qualidade duvidosa.

Para a história ficam os marcos de qualidade de conteúdos como o BigBrother e o Masterplan com que os canais privados nos premiaram.

A discussão voltará, vos garanto, e mais uma vez teremos as barricadas levantadas:

  • Por um lado os intelectuais de esquerda, a que agora chamam esquerda do caviar, fingindo estar do lado dos funcionários e dos cidadãos da RTP, que têm na televisão pública o único cliente certo das suas produtoras caducas com filmes tipo “Branca de Neve”.
  • No canto oposto do ringue teremos as empresas privadas e os seus delfins, estes dizendo estar também do lado do cidadão e dando conta dos excessos das anteriores direcções da estação pública feitos com os dinheiros dos seus concidadãos.

E nada mais natural numa guerra do que matar o mensageiro por não se gostar do teor da mensagem.

José Pacheco Pereira – A Piñata humana

Piñata José Pacheco PereiraJosé Pacheco Pereira têm sido alvo de todo o tipo de vilanagem prepertada pelos autores da blogocoisa e da twitaberna. Uma verdadeira piñata humana.

Na opinião de José Pacheco Pereira 99% dos autores da blogopimba estão zangados, insultam constantemente e não sabem escrever. Apenas os 1% restantes são os que contam.

José Pacheco Pereira baseia esta afirmação na sua leitura das caixas de comentários, afirmando que não são discussão, mas sim troca de insultos.

Aliás, somos de tal maneira incapazes que necessitaremos no futuro que José Pacheco Pereira fale por Manuela Ferreira Leite. Será o tradutor oficial da pessoa que ele entende será a nossa Primeira Ministra confirmada em Setembro de 2009.

Não há muito tempo alguém se voluntariou para comigo iniciar uma revisão do situacionismo de José Pacheco Pereira, comentando e revendo factos que pudessem suportar ou contradizer o que este afirma.

Mas esta teria de ser feita fora de “O Abrupto” que é o blog de José Pacheco Pereira, uma vez que lá não existe discussão por não haver caixa de comentários disponível, apenas difusão e conversas privadas.

Essa revisão seria organizada em torno de um novo blog com a proposta de nome inicial  de “Pacheco Pereira mete nojo”.

O blog seria dedicado ao exercício de interpretar os crípticos posts e afirmações que o visado faz no seu blog O Abrupto” e nos seus restantes púlpitos, mas o tom do titulo já indiciava a direcção da coisa e lá iríamos parar à lista dos 99% de imbecis da Internet, o que é algo que gostariamos de evitar.

A minha resposta natural foi que este tipo de acções não fazia parte da maneira de estar de cidadãos democratas e justos em que nos gostávamos de incluir, ficando por isso a iniciativa sem efeito.

Pensava eu que assim honrava o professor e historiador que tanta obra fez e cita e que sempre gostei de considerar como justo, informado e democrata.

Mas se afinal me dizem que JPP nem sempre é isento, em que fica o seu índice de situacionismo de cada vez que faz as suas afirmações?

Pergunta: “Escreve num jornal onde há uma cruzada declarada contra José Sócrates?” Resposta: “Sim, com que eu na maioria dos casos estou de acordo.” As frases entre aspas fazem parte de uma entrevista a José Pacheco Pereira conduzida por João Céu e Silva e publicada esta semana no DN.

in Diário de Noticias em 1 de Agosto de 2008 num artigo de opinião de Fernanda Cancio.

A minha mensagem para o José Pacheco Pereira é esta: Abra os comentários do seu blog e deixe-nos avaliar da vilanagem que escrevem sobre si. A Internet têm esta coisa que permite que os que queiram falar em seu favor também o façam.

Se trouxe o que considerou ser um facto a público ao acusar 99% da Internet de o perseguir, agora têm de deixar que os restantes 1% o defendam também publicamente. De outra forma, como saberemos quando estiverem equilibradas as forças? Contamos o número de púlpitos que lhe vão dando? Mas a lista ficará incompleta e poderemos sempre questionar as razões dessas atribuições:

  1. Quadratura do Circulo na Sic Noticias;
  2. Ponto contra ponto na Sic Noticias;
  3. Jornal Público; e
  4. Revista Sábado.

Não pode exigir clareza, transparência e justiça se a sua atitude não é de justiça, mas de obscurecimento.

Não se trata aqui de questionar ou atacar a pessoa, mas de concordar ou contradizer os raciocínios com que reduziu 99% a zangados insultuosos.

Trata-se de permitir que outros tenham os factos a que teve acesso e da qual extraiu a certidão de prova para a acusação aos 99%.

Diga-me lá, senhor José Pacheco Pereira: Com este post fui parar aos 99% dos zangados insultuosos, não foi? Ou foi com este?

A Silly Season este ano já começou

Este ano a silly season será em grande. Com o número de fogos florestais reduzidos em relação ao anos anteriores, redacções jornalísticas serão obrigadas a puxar pela imaginação.

Hoje a Sic Noticias apresentava uma peça sobre os hobbies dos nossos políticos. Amanhã espero que não nos venham dizer o que eles comem ou onde se penteiam.

A lista este verão ameaça começar cedo a crescer, como regista a o Mar Caustico, e Alberto João Jardim não quer deixar de marcar presença.

O problema da silly season não é a falta de noticias dignas de primeira página, mas o que ela revela. Em meu entender algumas redacções sofrem de um excesso de copy and paste de todos os factos políticos gerados pelas afirmações dos políticos portugueses.

Quando os políticos metem férias, só os incêndios e as praias fazem notícia. As redacções não deveriam estar tão dependentes de leads e investir alguma coisa na investigação.

A silly season não me preocupa só a mim, mas a outros que conseguem entender o que ela esconde.

A falta de notícias politicas, sempre geradas pelas várias personalidades a disputar a ribalta, têm de ser substituídas, mas não por coisas que se assemelham a textos de revistas cor-de-rosa, onde se fala de tudo o que sirva para esconder as dificuldades.

Das dificuldades, essas, habituadas a saber delas apenas pelos políticos, as redacções terão que se esforçar em apresentá-las, mesmo porque os políticos também precisam de férias e escrever para as redações dá sempre muito trabalho.

Corninhos e coisas tratadas de outra maneira

Bancada dos Jornalistas na Assembleia da RépublicaO Debate do Estado da Nação ficou marcado mais uma vez pela habitual troca de mimos entre Deputados.

Tivemos neste debate teimas entre Rangel e o Presidente da Assembleia em que uma interpelação à mesa sobre o decorrer dos trabalhos se transformou em discurso e trocas de pedidos de silêncio quando se têm a palavra entre os vários oradores.

O ponto alto foi o episódio dos corninhos feitos com os dedos pelo ex-ministro Manuel Pinho. Ainda não se percebeu muito bem se destinados a Francisco Louçã, se para a bancada do PCP.

Os piropos trocista trocados entre acusações de corrupção e manipulação, num crescendo de acusações mútuas entre PS e PSD, maus comportamentos entre todas as bancadas e a falta de educação generalizada dos que deveriam dar-nos o exemplo, apenas desviam a atenção do essencial, reservando-nos o comentário para o acessório.

Ana Drago do Bloco de Esquerda deu mesmo em tempos inicio a uma nova forma de à partes: bater na bancada e gritar durante uma sessão de trabalhos da Comissão sobre a Educação, o que espero não se torne moda.

As coisas estão tão exageradas e extremadas que já tivemos Deputados a prometer chegar a vias de facto.

Esta actuação daqueles que deveriam ser o exemplo para a Nação, deixa no ar um não sei o quê que faz lembrar aqueles tempos de escola em que os colegas cheiravam em torno dos colarinhos uns dos outros para descobrir quem tinha empestado a atmosfera.

Somos um grupo de descontentes não porque cheire mal de verdade, mas porque alguém com menos rigor se encontra em estado de histeria aos urros e apitos no meio da praça pública a apontar o dedo sem ter de provar.

O pior cenário é o que agora assistimos, em que os herdeiros dos revolucionários de Abril mascaram de liberdade as calúnias em que suportam o seu status politico.

Esperemos que os métodos que transformaram no que é hoje o futebol português não se convertam na nossa politica, transformando-a em algo tão nefastamente extremista e religioso como é hoje um desafio de futebol, em que não interessa se está correcto, mas sim que clube prejudica ou não beneficia.

No pior cenário, um programa que passaria a fazer furor seria algo do tipo “Domingo Político” com os melhores insultos da semana e a discussão das polémicas mais acesas.

Os comentadores podiam ser os mesmos, com todo o respeito que lhes é devido:

  • Pelos tios cosmopolitas, da nova facção democrática e pluralista liberal, o nosso já conhecido comentador de tudo até romances, Pedro Santana Lopes.
  • Pelos queques rurais, da habitual facção conservadora social democrática, Francisco Seabra.
  • Pelos faciosos do norte, podiam manter o Poncio Monteiro.

“Ó Poncio, não viu que a acusação feita pelo deputado é completamente desproporcionada? Olhe para as imagens.” – afirma Santana.
“Não estou a ber nada, além disso eu num sei se as imagens são de agora ou de depois. Não se percebe nada. E mais. O Presidente da Assembleia sabe se bem de que partido é.” – responde Poncio deixando a suspeita no ar.

Isto é mais assustador quanto maiores são as parecenças. Com a ajuda de um qualquer politico acabado pode compôr-se o ramalhete muito melhor.

Mas isto desvia-nos das pergunta essenciais:

  • Afinal isto está bom ou está mau? – Fiquei sem saber.
  • Não deve estar tão bom como gostaríamos, mas está assim tão mau? – Está muito mal para os cerca de 9,3% de desempregados e para os pensionistas de piores recursos, mas aparentemente bem para os abstencionistas.

E voltamos ao inicio: Isto dá mesmo para dar mais e melhor porque se trata de um Mercedes, ou temos uma bicicleta e agora queremos ir fazer corridas para o autódromo?

De um lado temos “nós” os Deputados com acesso e tempo para analisar os números e do outro “eles” o povo que lhes delegámos o nosso poder. Parece-me que nem o “nós” sabe nem o “eles” quer saber se temos bicicleta ou carro de corridas.

Assim, de um lado o “nós” grita “Criativo”, traduza-se “Aldrabão” e do outro responde-se “Gastador”, traduza-se “Ladrão”. O “eles” comenta “esses malandros” sem perceber, mas ficando sempre com a sensação que foi enganado.

Talvez devesse haver maior rectidão entre o “nós” e o “nós”, obrigando o “nós” a provar, tal como nos tribunais, as suas acusações contra o “nós”, mas isso iria tirar o colorido e o espectáculo.

Talvez deixássemos de nos interessar, pois tal como no futebol, se acabar a polémica, perde o povo o interesse e os ódios clubisticos, baixando o fervor e a assistência.

Eleições Europeias e a distorção das sondagens

Média de Sondagens versus Reusltados Final

No meio da excitação dos que se consideraram vitoriosos e da derrota dos que não atingiram os seus objectivos uma coisa é certa: As sondagens estavam muito erradas.

Tanto que se receou a abstenção e no final foram as sondagens quem distorceram os resultados com uma diferença entre o resultado final e a média das sondagens de -8,32% no caso do PS.

O PS, que na média das sondagens se apresentava com uma magra vantagem sobre o PSD, acabou a noite com uma larga desvantagem.

Analizando os dados disponíveis, ficamos a saber que as margens de erro propostas pelas sondagens utilizadas não são de confiança.

O quadro seguinte mostra os valores propostos pelas sondages contra o resultado final e a sua diferença.

Lista Média das Sondagens Resultado Final Variação
PS 35,40% 26,58% -8,82%
PSD 32,60% 31,68% -0,92%
BE 10,10% 10,73% 0,63%
CDU 8,60% 10,66% 2,06%
CDS-PP 4,90% 8,37% 3,47%
Outros 8,40% 11,98% 3,58%

Com estas variações entre o resultado das sondagens e o resultado final, pode ser que fique de lição aos abstencionistas que votariam PS para não confiarem aos outros as suas decisões.

Quem ficou assustado com as sondagens foram os votantes do CDS-PP que com sabedoria foram colocar o voto na urna e puxar a sua parte da carga que nos cabe a todos nós.

A sondagem que maior margem de erro declarava não ultrapassava os 4%. Enquanto a margem de erro serve para absorver a variação final do PSD, no caso da diferença de resultados para o PS haverá muito que explicar.