Moderar é escolher

A questão de moderar comentários não é de circunstância ou legalidade: é de principios e de política. Lembram-se destas coisas talvez dos vossos tempos de juventude?

José Pacheco Pereira vem agora com a ideia luminosa que os jornais permitem os comentários não moderados para fazerem mais dinheiro.

Não lhe passou sequer pela cabeça que os ditos jornais têm obrigações nas suas publicações que ele não tem e por isso se pode dar ao luxo de impedir comentários no seu blog?

Não consegue imaginar que pessoas sem formação cívica possam ter direito à opinião?

Não entende que quem dá errus 0rtográficus pode ainda assim saber o que quer dizer?

Não lhe passou pela cabeça que esse modelo de negócio fantástico baseado na escassez do meio que era o das distribuidoras de informação é um modelo esgotado?

Não saberá que o que os Page Views estão a aumentar aos jornais é a conta de alojamento e ligação à Internet? (A conta é algo que quem aloja de forma gratuita com o Sapo ou Blogspot não tem.)

Não lhe passou pela cabeça que impedindo ou moderando os comentários no seu próprio espaço, os seus leitores o iriam fazer para outro lado?

Os blogs não são jornais. Não se baseiam no modelo de falta, mas num modelo de nicho.

Os blogs de alguns senhores servem um nicho de leitores diferente do que defendo: Ou porque gostam da ideia de uma méritocracia, ou porque gostam da utopia da democracia sem mácula ou porque gostam mesmo de não ter a liberdade toda, mas uns tons menos vivos da mesma por não suportarem emoções mais fortes.

O meu blog e o de tantos outros serve nichos próximos de leitores que gostam de dizer o que lhes vai nas entranhas, mas não se querem dar ao trabalho de fazer um blog só para vos contradizer.

Os Abrantes, as falácias e a desumanização do opositor

A blogosfera está a revisitar todas as tácitas das guerras passadas. Fá-lo ao desumanizar opositores atacando o seu carácter. Isto está a tornar-se principalmente visível na oposição ao Partido no Governo. Referem-se aos seus opositores como Abrantes.

A desumanização do opositor foi algo que sempre se usou em todas as guerras. Usam-nos para condicionar psicologicamente quem os ouve, garantindo-lhes a imunidade necessária aos actos que se seguem. Em Portugal esses actos têm servido para pisar direitos constitucionais e com isso tentar apoiar o ataque ao homem como uma forma de atingir a vitória politica.

Mas nem aí foram originais na sua proposta política. Apresentam-se perante nós apoiados em mais um argumento ferido na lógica, uma falácia. Em lugar de argumentarem ideias, apresentam-nos a lista toda de tipos de falácias possíveis.

Do Argumentum ad hominem (Ataque ao argumentador) ao Argumentum ad populum (Apelo ao Povo), passando pelo Post hoc ergo propter hoc (Por ser sequenciais, são causa e efeito)… é escolher daqui a falácia a gosto e ligar aos vários sites. Ideias, nem vê-las porque julgam os outros por eles mesmos e por isso receiam que lhes façam a eles o que aos outros fizeram. E se calhar têm razão para se preocupar.

Os militantes partidários são homens, e por isso é natural que entre eles haja dos que são melhores, dos que são menos bons e dos que passávamos bem sem eles.

Em todos os grupos de discussão existe o perigo de uma minoria altamente vocal (Leia-se “um grupo de gente histérica”) monopolizar 90% do tempo de comunicação e assim tomar de assalto esse fórum. Isto foi o que aconteceu ao nosso espectro politico.

A algazarra criada pelas vozes da histeria é tanta, que os valores melhores não se destingem na estática da falta de valor.

Se diminuírem o número de luminárias algazarrentas, talvez comecemos a ouvir mais as vozes da razão e menos as vozes da confusão.

O Papa, a situação financeira de Portugal e as festas com o dinheiro dos contribuintes

O sumo Sacerdote da minha Religião, que acumula funções como chefe de estado do Vaticano, nesta altura de aperto económico, no que me toca a mim, escusava de cá vir visitar-me.

Não tenho nada contra o senhor e sei que vou pagar cara a minha afirmação, mas se estamos tão mal de dinheiro, qual é o racional para o recebermos nesta altura? Mais negocio para nós?

Trará paz de espirito e fé cristã, mas essa não precisamos agora, que o que está mal não se resolve com fé.

O que está mal são mesmo as finanças nacionais.

“Ah e tal, que as coisas do espirito também tem de ser tratadas para podermos tratar das outras.” – isto é como dizer que está certo tentar apagar um incêndio com boa vontade e pudim flan.

O Papa vem a Portugal à nossa conta porque nós deixamos e porque as finanças nacionais não interessam a ninguém.

Como disse Antonio Nogueira Leite no Programa de ontem da RTP “Prós e Contras”, a situação econômica do pais só aflige alguns membros de partidos da nossa democracia e a blogosfera, onde me incluo.

Eu próprio já afirmei que uma analogia é uma merda, mas na minha casa quando não há dinheiro, não convidamos visitas para jantar, e muito menos para festas que trarão mais despesa que lucro.

Estamos mal de finanças. Se ainda há negacionistas, que pensem quando foi a ultima vez que viram os lideres do PS e PSD a fazerem declarações conjuntas.

Se estamos mal de finanças, acusam os funcionários públicos e privados de improdutividade, que raio de exemplo é este de darem folga forçada a esta gente toda?

O senhor Padre vem cá, mas não vai ser sem mossa.

Ninguém quer saber quanto nos custa a visita? Quanto teríamos produzido na sua ausência?

Como sempre, valores mais altos se levantam, alguém dirá. Aceito, mas sejam claros quais são eles.

Se o que por aí se diz é verdade, que valores são esses que nos põem numa situação de gastarmos 12 milhões de euros em arranjos em Lisboa para receber uma visita?

Pressões, politicos, jornalistas e outras trapalhadas

Os jornalistas, políticos e juristas estão feitos uns meninos da mamã: “Ai, e tal, que aquele senhor me pressionou.”

A mim pressionam-me todos os dias, para o bem e para o mal.

Uma qualidade de uma pessoa de carácter é conseguir manter e expressar as suas decisões independemente das pressões a que esteja sujeita.

Aparentemente há juristas e jornalistas a quem não se pode dizer um aí que já não sabem dizer que não ou que sim.

A ideia de políticos, meu deus, que podem ter tentado influenciar em seu favor um jurista ou jornalista?!

Expliquem-me lá:
– Um politico não é alguem de quem se espera como principal qualidade a de conseguir alterar a opinião dos outros em favor dos seus valores sem fazer uso da violência?

Julgam que os press releases e as agências de relações publicas e comunicação servem para quê?! Influenciar a opinião pública a favor do adversário?!

E pensam que os blogs servem para quê?! Para a galhofeira?!

E julgam que as empresas fazem o quê quando usam os serviços dos ditos press releases e agências de relações publicas e comunicação? Gastam dinheiro filantropicamente?!

Que raio de fibra têm hoje os representantes da nação?

Só vejo uns meninos armados em rufias a atirarem-se uns aos outros.

Enquanto um diz “Agarrem-me que vou-me a ele!” o outro diz “Vem lá se és capaz.”

Não passa disto.

São uns meninos.

Alegadamente

Habituem-se os jornalistas e repórteres e treinem bastante que alegadamente passa a ser a palavra que mais irão escrever e dizer.

Alegadamente houve uma violação de segredo de justiça numa investigação de uma tentativa onde alegadamente o Partido Socialista pretendia dominar um grupo de comunicação social.

Alegadamente essa tentativa é provada pelas alegadas escutas publicadas no Semanário Sol que alegadamente teria sido notificado para não as publicar.

Alegadamente o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, que alegadamente é afecto ao Partido Socialista, não se pronunciou sobre as escutas todas do caso de alegada tentativa de domínio do tal grupo de comunicação social.

Alegadamente um Eurodeputado que alegadamente não tem pescoço terá ido lavar a roupa suja do nosso país para o Parlamento Europeu sobre todas estas alegações.