PCP e BE concorrendo juntos podem ganhar as legislativas

A perspectiva de BE (Bloco de Esquerda) e PCP (Partido Comunista Português) se unirem num projecto de governação comum pode dar um novo fôlego à política portuguesa e uma esperança aos que pagam vezes sem conta os custos das crises. Pode dar razões para ir votar a quem já há muito deixou de ir.

Enquanto o PCP garante a sua votação quase sempre estável nos seguidores de um discurso que pouco ou nada mudou nos anos que passaram desde o 25 de Abril de 1974, o BE reforça no descontentamento a sua posição mais radical, enquanto na origem do seu discurso comunga com o PCP.

Como português e trabalhador, prefiro um grupo com um projecto político que sirva os interesses humanos e democráticos da maioria dos cidadãos, um projecto dito de esquerda, a um projecto que origina do servilismo confrangedor dos partidos do arco do poder aos interesses de poucos e que representam pouco mais que o capital e interesses económicos instalados.

Enquanto num cenário de eleições em que o CDS-PP e PSD concorrem coligados não haveria ganhos em relação a um cenário semelhante em que concorrem separados com a divulgação de um acordo pós-eleitoral, em cenários semelhantes para o BE e PCP a coisa muda de figura.

Se BE e PCP se apresentarem com um projecto que venha quebrar o ciclo vicioso de austeridade-cortes-crise, engulo as minhas discordâncias pessoais em relação ao discurso de Francisco Louçã.

Chumbo do PEC, demissão do Governo de Portugal e A ajuda externa

Vivemos tempos anormais. Está definitivamente perdida a noção de lógica e o pouco de coerência que sobrevivia aos ataques sucessivos dos representantes partidários.

Já nem para o Presidente da Republica nos podemos voltar.

O Governo pede a demissão porque não resulta legitimo prosseguir na sua política após votação da mesma pelos representantes do Povo.

Se não tem legitimidade política para prosseguir com as políticas que entendeu serem as melhores para o pais, também não deve aplicar outras que não acredita.

Espanto dos espantos, Presidente da Republica e demais agentes vêm tentar forçar a mão dos demissionários a tomar decisões em assuntos dos quais lhe retiraram a legitimidade.

Pede-se a alguém que não nos pretende representar nas condições que lhe estamos a impor que efectue as acções que levaram ao seu pedido de demissão.

Eu não o faria.

Adenda: A Assembleia da Republica, que foi quem retirou as condições pedidas pelo Governo para continuar a governar, tem feito recuar as medidas também tomadas pelo Governo, tome agora conta disto e decidam em vez de fecharem a loja como se nada se passasse.

Se ainda há alguém que queira tomar medidas de emergência, arranje lá maneira de invocar o estado de emergência como previsto pela constituição em lugar de mandar bitaites.

O volante da nação e os sucessivos taxistas

A Democracia é assim: vamos todos no mesmo carro. Dividimos a despesa para alguém o guiar.

Quem vai ao volante calca no acelerador como se não houvesse amanhã, enquanto vocifera que todos os outros condutores são uns incapazes.

Este país é um taxi e os sucessivos governos os taxistas que nos levam ao nosso destino pelo caminho mais longo.

A quantidade de gente que quer chegar ao volante é a prova que não sabemos fazer contas.

A analogia é de merda, mas ilustra o sentimento geral.

Festim de sangue

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Prepara-se o fim de todo um ciclo político, social e económico.

Começado da ganância de quem já tinha muito e terminado agora da mesma forma com uma herança pesada a quem vier depois.

Partida das “obras dos governos” que construíram durante décadas em nosso nome com dinheiro emprestado pelos outros sem nunca ter qualquer intenção de pagar.

Tarde ou cedo os que emprestaram quereriam o dinheiro de volta e ao estilo agiota mataram primeiro o peixe pequeno para condicionar o peixe graúdo.

Os partidos políticos no hemiciclo esfregam as mãos de contentes, não porque vão mudar alguma coisa, mas por poderem mais uma vez gastar o dinheiro que não é deles para mais um ciclo de eleições.

O povão segue a gritar atrás dos algozes gastadores do nosso futuro, sem sequer perceber que serão o prato seguinte no festim.