Lombo de porco à mentiroso

Um lindo porquinhoFazer um prato para um pequeno jantar de amigos quando temos dois filhos e um deles ainda não anda e se aproveita para esvaziar os armários da cozinha enquanto tentamos cozinhar pode ser um autêntico desafio.

Para conseguir atingir o objectivo “jantar a horas” e manter a sanidade tivemos de inventar uns truques lá por casa.

Chamei-lhe lombo de porco à mentiroso porque:

Eu prevarico porque quero!

Cartoon no Geek And PokeVeio hoje a público que as empresas de Águas, Luz e Gás se preparam para “desenrascar” uma solução que “dá a volta ao texto” no que respeita à lei que os impede de cobrar um valor de aluguer pelo contador ou outro semelhante.

Há algum tempo o PS fez aprovar um projecto de lei que altera a Lei n.º 23/96, de 26 de Julho na Assembleia da República.

Hoje as autarquias e outras empresas decidiram abertamente resolver a questão à portuguesa: “Vamos contornar a lei” e dizem-no à boca cheia.

“A uma semana da entrada em vigor da nova lei dos serviços públicos essenciais, o vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) disse que as autarquias vão contornar a lei para não perder as receitas.” in TSF.

Na mesma fonte encontra-se uma citação do presidente desta associação que indica que a lei era demagógica e ilegal.

Vamos lá recapitular:

  1. A Assembleia da República aprova uma lei;
  2. Os visados não concordam com ela considerando do seu entendimento que a lei é ilegal;
  3. Os visados informam que vão contornar a lei;
  4. Os deputados indicam que devemos combater este contornar da lei nos tribunais.

No ponto um da minha lista até estava tudo bem. Um orgão de soberania nacional em pleno direito das suas funções aprova uma lei.

No ponto dois da minha lista, as coisas continuam bem. Os visados não concordam e contestam-na. Tudo bem. Como qualquer cidadão até podem manifestar-se na rua com cartazes e palavras de ordem.

No ponto três da lista os visados informam que vão prevaricar, e espantem-se, fazem-no abertamente.
– “Vamos prevaricar.”

No ponto 4, a coisa ainda piora. Diz um deputado, um desses que convoca toda a gente desde a senhora da limpeza até ao Presidente do Concelho de Administração de entidades Autónomas para estar presente numa das milhentas comissões, que cabe ao cidadão combater a decisão do prestador nos tribunais.

Outra vez do ponto 3 para o 4:

  • Diz o malandro em alto e bom som: – Vou roubar.
  • Diz o policia ao cidadão roubado cidadão que está na eminência de ser roubado: – Eu se fosse a si queixava-me a quem faz alguma coisa por isto, que já fiz a minha parte e a minha vida não é isto.

Quando uma empresa tenta comprar outra, algo que deveria ser absolutamente corriqueiro num mercado que se quer livre, chamam-se os responsáveis do regulador e empresas envolvidas para se explicarem numa comissão.

Quando um representante de um grupo de prevaricadores informa que vão continuar a prevaricar ninguém é chamado.

A sério: Não era mais fácil assumirmos logo que isto está completamente desgovernado?

Risotto de polvo

Prato com Risotto de polvo

Risotto não é mais que o nome dos italianos para uma bela pratada de arroz com uma estratégia de confecção para muita paciência e atenção.

Em Portugal chamamos-lhe simplesmente arroz, e temos muitos, sendo os baseados em marisco e peixe os que foram dando mais nome ao sul de Portugal.

Há muitas receitas de risotto, mas foi através de um livro Jamie Oliver é que realmente decidi pegar e tentar pela primeira vez.

Já tinha visto o desgrenhado inglês na televisão a pegar nos ingredientes e a tentar desmistificar a ideia que temos de que toda a cozinha inglesa se resume ao Fish-and-chips, mas foi um grande amigo meu de apelido Conduto que me ofereceu o livro deste Jamie que me fez mudar de ideias.

O livro têm um conjunto de considerações e truques básicos para cada prato de confeção caseira, truques que servem de base a esta receita.

Ingredientes para 4 pessoas:

  • 1 kg polvo
  • 2 colheres de sopa de azeite
  • 1 cebola
  • 1 dente de alho
  • 1 caneca de arroz pré-vaporizado de grão curto (carolino branco ou ariete)
  • Pimenta
  • Açafrão
  • Sal
  • Pimenta
  • Ramo de salsa fresca

Para quem gosta de cozinhar com a balança de precisão, esta receita pode tirar uma pessoa do sério.

As medidas e tempos são todos a olho pois dependem de uma série de valores que não são controláveis, nomeadamente a espessura do tacho, força do lume e atenção que prestamos ao tacho.

Eu faço este cozinhado sempre na continuação de um típico prato de polvo com todos, ocasião que aproveito para cozer o dobro do polvo que vou necessitar para essa refeição, mas esse fica para outra altura.

Da cozedura, guardem a água e o polvo que sobra para fazerem este prato quando tiverem 45 minutos para estar de guarda ao tacho.

Num tacho de fundo grosso juntem ao azeite a cebola e o alho finamente picados mais o arroz.

Como o polvo foi previamente cozinhado, não podemos cozinhá-lo com esta mistura, mas se pretenderem improvisar e em vez de polvo usar peixe, agora é o momento.

O lume deve ser mantido médio e a atenção alta enquanto se vai juntando a água da cozedura.

À medida que o cozinhado vai avançando podem ficar com a noção se irão necessitar de junta sal na mistura, o que devem fazer tendo em conta o tempero que deram previamente no polvo.

O liquido tem de ser mantido apenas o suficiente para cozinhar o arroz e ir-se mexendo para este o absorver.

O lume não pode estar tão alto que cozinhe o exterior do grão de arroz em demasia ficando mole e deixe o interior encruado, por isso aconselho-vos que provém o cozinhado de tempos a tempos para garantir a cozedura no ponto.

Quando estiver mesmo no fim, juntem uma pitada do açafrão à última porção de liquido e mexam até que o molho escorregue pelo arroz de forma lenta e sem que o arroz se afogue em liquido, dando-lhe um aspeto caramelizado.

Sirvam diretamente num prato fundo para cada pessoa, semeado com a salsa fresca picada.

A probabilidade é que a gula se apodere dos convivas, pelo que proponho que se preparem para servir doses repetidas.

Bacalhau à Narcisa

Mapa da Internet de 1969Não sei bem quem é esta tal de Narcisa, mas fez questão de dar-nos a receita num restaurante onde petiscava com a minha mulher.

Quando comentávamos sobre os melhores pratos e suas receitas e falávamos de pratos portugueses e suas virtudes, recebemos o contributo desta desconhecida que insistía em dar-nos a receita e que aqui partilho.

A receita foi escrita num guardanapo, mas parece que as melhores receitas são sempre assim. Continuar a ler “Bacalhau à Narcisa”