Sushi e crianças

Tenho nos meus dois filhos os maiores fãs do meu Sushi. Infelizmente o mais novo ainda não distingue o Sushi da massa de moldar e por isso tanto se lhe faz como se lhe deu.

O Sushi como nós o conhecemos é uma evolução da conserva tradicional de peixe que os japoneses faziam e que era produzida com ajuda de camadas de arroz e peixe, mas de onde se comia apenas o peixe fermentado com os sucos gerados pelo arroz.

Quando comemos sushi, para além do poder apelativo da côr em todos aqueles bolinhos de arroz com aspecto de terem saído de forminhas , também temos a mistura de sabores única que o compõem como atractivo.

Naturalmente que para os miúdos o sabor têm de ser muito mais simples, mas o arroz é sempre bem vindo.

O segredo disto tudo é mesmo o arroz. O prato para crianças não passa de um “arroz com ovos e salsichas” requintado. Todos os pais sabem que para vencer o “bife com batatas fritas” só o “arroz com ovos e salsichas”.

Esta receita depende muito de ingredientes que não têm substituto, e uma vez que a intenção é fazerem depois também a versão para adultos do sushi, mais vale darem-se ao trabalho pois o arroz japonês não pode ser substituído por carolino branco. Acreditem que eu já tentei.

A lista de ingredientes é para 4 pessoas (2 adultos e 2 crianças). A ordem de execução, convém ser a que vos listo.

Para a omelete japonesa:

  • 4 ovos
  • 1 caldo Dashi (caldo de peixe japonês)
  • 1 colher de sopa de saké
  • 1/2 colher de café de sal
  • 1 colher de café de açucar

Batem-se os ovos e aquece-se ligeiramente o saké para integrar os ingredientes.

Juntem tudo num jarro para ajudar a espalhar o ovo na frigideira enquanto a enrolam em omolete.

A omolete japonesa é basicamente como a omolete normal, mas com requintes de masoquismo. A mistura deve ser deitada numa frigideira anti-aderente e preferencialmente quadrada, praticamente sem gordura. Eu passo óleo num guardanapo de papel com o qual unto a frigideira.

Vão deitando a mistura na frigideira e enrolando-a sobre ela mesma à medida que vai ficando cozinhada e até fazer um paralelepípedo de ovo com cerca de dois dedos de espessura.

A omelete, depois de cozinhada, aguenta lindamente umas horas e até de um dia para o outro, pelo que podem mesmo prepará-la e guardá-la para depois.

Para cobrir o arroz:

  • 6 colheres de sopa de vinagre de arroz japonês
  • 1 colher de chá de açucar
  • 1 colher de café de sal

A cobertura para o arroz é o que o torna brilhante e dá o sabor final. Aqueçam tudo ligeiramente para facilitar a mistura dos ingredientes e reserve.

Para cozinhar o arroz:

  • 400 gm de arroz japonês de grão curto para sushi
  • 440 gm de água
  • 1 folha de alga kombu

Aquilo que parece ser a parte mais simples é na realidade a mais difícil dominar de todas. A preparação do arroz é em meu entender o primeiro e mais difícil passo de se tornar um mestre de sushi.

Esta dificuldade justifica quase só por si que se atribua aos chefes de cozinha japonesa o grau de Mestres.

Eu pessoalmente levei dois anos a aperfeiçoar a confecção do arroz, mas penso que mais por ineptitude pessoal e pelos longos interregnos sem voltar a tentar, que por dificuldade da técnica.

Quando confessei a um Mestre de Sushi estes dois anos de treino, ele informou-me que o normal é um pupilo demorar um ano antes de poder mexer no arroz.

O arroz deve ser lavado em água fria corrente passando os dedos suavemente entre os grãos para soltarem cada partícula de pó sem se partirem ou gerarem mais pó. O processo implica lavar num recipiente grande o arroz em bastante água e de cada vez que a água fique com um aspecto leitoso, despejar gentilmente e voltar a encher.

Nada desses coadores de rede nem coisas que provoquem abrasão com o arroz. O processo deve repetir-se tantas vezes quantas as necessárias para que a água fique translúcida.

Num tacho coloque a água e o arroz e coloque a folha de alga kombu com um ou dois cortes por cima.

Fechem o tacho e liguem o lume brando. Resistam à tentação de abrir a tampa. A partir de agora, só os outros sentidos podem ajudar-vos.

Controlem o tacho para verificar se já levantou fervura colocando a mão na tampa para sentir o borbulhar.

Quando estiver a ferver baixe o lume ao mínimo e deixem ao lume por mais 8 minutos. Passado este tempo, desliguem e não abram o tacho pelos próximos 10 minutos.

Preparem um recipiente largo e não muito fundo para espalhar o arroz, misturar com o molho e esfriá-lo quando sair do tacho.

Aqui os japoneses usam o recipiente em madeira, com utensílios em madeira, mas não vamos ser fundamentalistas. Deitem o arroz todo no recipiente e lembrem-se que devemos parar a cozedura do arroz, daí se abanar o arroz e revolver enquanto se vai misturando a cobertura.

Para preparar os rolinho com o arroz:

  • 3 dl água
  • 1 dl vinagre de arroz
  • Folhas de alga nori
  • Rolo de plástico aderente de cozinha

Numa taça, com tamanho suficiente para por o punho lá dentro, juntem a água e o vinagre de arroz.

Como vamos fazer mesmo sushi para miúdos e o post já vai longo, hoje não me explico muito mais, mas os cuidados com o Sushi para os miúdos são manter a coisa simples e separável, pois todos sabemos como os gaiatos gostam de comer tudo em separado.

Para fazer os rolos, ou Makizushi, convém terem a esteira de canas japonesa e a alga Nori ou se não quiserem por a alga pelo seu sabor mais forte, podem usar pelicula de plastico aderente de cozinha para resolver a situação, que foi o que fiz nestas fotos

Estendam na esteira a alga ou o plástico e depois de molharem a mão na mistura de água e vinagre de arroz, peguem num bom pedaço de arroz do tamanho do vosso punho fechado e coloquem-no na superficie.

Depois, com os nós dos dedos espalhem o arroz de forma homogenea. Em cima dessa superficie coloquem o recheio… E é aqui que ofendi todos os deuses e puristas do sushi: Comprei salshichas de aves e foi com isso que fiz.

O resultado é sempre um sucesso principalmente porque é acompanhado sempre de fruta descascada ou cenoura em palitos e a rapaziada adora todas aquelas cores.

Noutro dia em que me sinta com coragem, segue um post com o Sushi dos graúdos, em que se junta o famoso Wasabi para apicantar a experiência e se rega tudo com cerveja forte ou um quente e aconchegante chá verde. Ficam as fotos.

Analogías e outro tipo de subterfúgios para mentes menos capazes

analogiaA vida é como um copo de água. Umas vezes cheia, outras vazia.
Para uns meio cheio, para outros meio vazio.

À quem nos encha o copo e quem nos parta a bilha. Umas águas mais limpas, outras mais turvas.

Algumas vezes podemos receber ajuda, alguém nos comprou uma garrafa de água. Outras vezes mijam-nos para o copo e pedem-nos que bebamos.

As analogias permitem a criação de metáforas mais ou menos complexas.

As analogias permitem-nos refugiar-nos nelas sempre que não saibamos alguns termos mais recônditos ou rebuscados, passando a impressão que estamos a usá-las para permitir que os outros nos compreendam, de uma certa forma paternal.

A mediocridade do seu uso é tão imensamente grande que quase fico sem assunto.

O que nos leva à questão da mediocridade. O que é que podemos dizer acerca da mediocridade?

A mediocridade pressupõem a existência de um ser humano, pois dizer que um objecto é medíocre é apenas culpar o inanimado do erro do seu criador.

A mediocridade não se trata apenas da incapacidade de alguém efectuar algo, palpável ou não, mas também a sua incapacidade de a determinar (à incapacidade). Isto é, pode ser-se medíocre só por não se saber que se é.

Isto não quer dizer que um desportista ao perder uma corrida é uma demonstração da sua mediocridade, dado que seria impossível pela sua parte ter conhecimento da maior capacidade do outro atleta que o venceu.

Quer dizer sim que para além de perder claramente terá de o negar invariavelmente. Mas dizem vocês que quem perde e não assume são os comunistas. A isso responde-se que eles têm desculpa.

Então numa metáfora medíocre, pode-se dizer que o Paulo Portas é comunista, perde e não assume.

Talvez no caso do CDSPP o problema não seja tão linear, dado que agora teremos antes de falar em clube dos medíocres, de tal maneira que se prepara agora o confronto dos pixotes. Tipo guerra de galinheiro que dificilmente será ganha por um pintainho.

Acabamos numa maravilhosa analogia metafórica da mediocridade em que o problema é como uma pescadinha de rabo na boca, em que a grande questão é se as pescadinhas sofrem de flatulência.

Como um bêbado que não o assume e por isso não se cura, as analogias têm destes perigos. Cada um as entende com o conhecimento e experiência que têm e a frase correcta peca por não ser dita: A analogia é uma merda!

Uma questão de autoridade da imagem

pspcomissariapaulamonteiroAs policias já não são hoje nada do que eram dantes.

Já não é só com a sr.ª Comissária Paula Monteiro, sempre a falar na televisão que mostram uma nova imagem.

Já não somos nós os seguidos, mas eles que são seguidos no Twitter. A @GNRepublicana está lá e a @DNPSP também.

Vamos ter saudades dos senhores “lá de xima” agora que são todos obrigados a dizer os esses e andar em forma.

O Agente da Autoridade aproxima-se da vossa viatura. Inspeciona a carroçaria com ar de entendido e faz a continências.

– Bom dia. Os xeus documentux.

– Sabe, senhor guarda…

– Xinhor guarda, não. Agente da Autoridade.

Agente da Autoridade… qual autoridade?

Já reparam que ninguém lhes passa cavaco?

– Páre, ou eu dixparo! – Grita o “Agente da Autoridade” para um ladrão.

Acham que ele pára? O ladrão corre é mais rápido ainda.

O que queriam que ele fizesse? Que ficasse ali paradinho?

– Prontos. Ele já me disse para parar, eu paro. Não tenho outro remédio que não seja ir levar umas cossas na esquadra.

Não fiquem com pena, que o juiz já o solta. É tudo uma questão de imagem.

Há que parecer presente, mesmo que se esteja ausente ou estando presente não faça diferença.

Estado de depressão colectivo

DepressãoEncontramo-nos em estado de depressão colectivo. Não porque tenhamos sido despedidos, nos tenha morrido um parente querido ou porque estejamos doentes, mas porque não acreditamos que o futuro traga mudanças reais, melhoras ao estado em que nos encontramos ou alteração a como as coisas acontecem.

Perguntamo-nos:

  • Em que é que este governo é melhor que os outros que o antecedeu?
  • Em que é que este primeiro ministro é melhor que o que o antecedeu?
  • Porque é que havemos de confiar na gestão destes que lá estão agora se os resultados obtidos poderiam ser os mesmos com qualquer gestor desqualificado?

Quem são afinal as pessoas a quem confiamos os nossos direitos?

São pessoas IGUAIZINHAS a nós. Nem mais nem menos.

Foi não assumirmos isso é que nos levou a estar desconfiados e deprimidos face ao que o futuro nos trará.

Estes senhores não passam de seres humanos, sem possibilidades de melhoria à definição inicial do ser humano. E isto independentemente de acreditarem que os seres humanos são uma obra divina ou um acaso da evolução.

E não estou a identificar qualquer cor ou feitio e muito menos a perdoar, mas são seres humanos com medos e necessidades humanas, reacções e alterações todas elas muito humanas.

Cada um no seu pelouro a representar o que de melhor e pior temos no nosso espécime:

  • Choramingas ou vigaristas;
  • Vitimas ou aldrabões;
  • Fieis ou infiéis;
  • Monogâmicos ou poligâmicos;
  • Protectores ou predadores;
  • Observadores ou observados;
  • Culpados ou inocentes;
  • Acusadores ou acusados; mas
  • Acima de tudo humanos.

Humanos que por vezes são sedentos de dinheiro, outras vezes de comida, outras vezes de sexo, e não são perfeitos. São acima de tudo muito humanos.

Se não tivéssemos depositado tanta confiança nos nossos representantes, lideres, chefes e outros topos de hierarquia, não estaríamos hoje tão decepcionados e deprimidos.

Estivemos em negação. Negação que eles são humanos e por isso iriam falhar-nos.

Teremos de passar pelos 6 estados de morte anunciada até renovarmos a esperança:

  1. Negação;
  2. Fúria;
  3. Negociação;
  4. Depressão;
  5. Aceitação; e
  6. Esperança.

Estaremos em negação enquanto apoiarmos uma politica de show off.

Enfurecer-nos-emos quando virmos os nossos queridos e amigos a serem sugados por recessão e despedimentos.

Negociaremos quando permitirmos que se mantenha a fantochada para garantir estabilidade.

Entraremos em depressão quando nos apercebemos que de nada nos valeu termos estabilidade.

Temos mesmo de aceitar. Por favor, aceitem que temos perante nós nada mais que meros humanos. Pessoas falíveis, incapazes como tantos outros de combaterem os seus instintos mais básicos: sobrevivência e reprodução.

Enquanto não aceitarmos que estes são o que temos, enquanto estivermos a aguardar por D. Sebastião, enquanto não aprendermos a controlar os que temos, não conseguiremos passar para o estado da esperança.

Sem esperança há futuro, mas de que nos serve?

Congressos, blogs e Twitters

VoteAssistimos num crescendo ao que entendo ser uma mudança em Portugal que só poderá enriquecer a nossa Democracia.

Refiro-me à participação assumida de Bloggers nos Congressos partidários e ao comentário paralelo dos debates no Twitter.
Até agora não era possível participar em debates que eram mantidos por uns quantos eleitos. Pelo menos não o era em tempo real e com consequências reais.

O debate aberto, embora que em 140 caracteres de cada vez, está a ser mantido sobre o Twitter, muito na moda, de forma aberta e com possibilidade de ser analisado publicamente.

O que se passou no rescaldo do Congresso do PS com a petição de #mrsPE (Marcelo Rebelo de Sousa – Parlamento Europeu) fez prova disso. Em menos de dois dias, juntaram-se mais de 100 assinaturas, ficando a petição no final de uns três ou quatro dias com pelo menos o dobro em assinaturas reais e um número igual de Spammers e tentativas de chacota.

O que se sucedeu dois dias depois da apresentação do #mrsPE também não é menos notório. O professor Marcelo Rebelo de Sousa tomou posição contrária ao que a petição pretendia, e o auto-proposta candidato José Pacheco Pereira mostrou-se ofendido e atacou a iniciativa, difamando-a e apontando-a como uma maquinação. Pessoalmente, como segundo na lista de maquinadores, lamento informar mas a única máquina nas minhas mãos foi o meu computador.

Em todos os quadrantes políticos, surgem iniciativas de entrada para o ciberespaço para além dos sites de divulgação da doutrina. Iniciativas que nada têm a ver com o modo estático de fazer politica que anteriormente existia.

Os cidadãos fazem agora uso do seu direito de uso da palavra para opinarem sobre e o que muito bem entenderem, ainda que a custo de adquirirem computador e acesso à Internet. Este é um direito que faço questão de exercer e que não deleguei em ninguém. A ninguém mesmo.

O que os cidadãos delegam nas listas partidárias é o direito de tomarem as decisões necessárias para atingir os objectivos propostos nos programas que sufragaram nas urnas. Não delegam o seu direito de opinião.

Uma palavra para a “luta de classes” referida muitas vezes ainda pelos que se dizem de esquerda e tantas vezes referidas nestas discussões online: Esta luta de classes é hoje, em meu entender, um fumo de outras eras que apenas “a classe dominante”, se é que ela existe, poderá querer perpetuar.

Colocar tanta inteligência num pretenso grupo de empresários desorganizado como se tivessem omnisciência colectiva é quase classificável como esquizofrenia.

O que os últimos debates acompanhados pelos comentários em blogs e Twittadas provaram é que as classes na Internet não existem e todos temos direito a opinião. Até eu.

Os parabéns são merecidos a todos os Bloggers e Twittadores, independentemente da cor e filiação, pois no ambiente de medo de represálias e tentativas de silenciamento dos actuais bonecos falantes (refiro-me aos pseudo-comentadores políticos que as televisões empregam), termos falado abertamente e sem nos escondermos por detrás de pseudónimos, restaurou a minha confiança no sistema democrático e liberdade de expressão.