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Autor: Álvaro M. Ferro
“Definição de Objectivos”
Aquilo com que a hierarquia nos quer comprometidos para a eventualidade de necessitarem de algo que justifique uma decisão arbitrária.
Asfixia democrática
A oposição em peso fez-se à estrada para acusar tudo e todos os que estivessem ligados ao Governo de mentirosos.
E com isto puseram em causa todos os profissionais e técnicos que, não sendo do Governo, trabalham para o Estado ou para empresas, isto é: todos nós.
Pedem-nos que coloquemos em causa:
- Os trabalhadores da Segurança Social por atribuirem subsídios a quem não quer trabalhar;
- Os técnicos do Instituto Nacional de Estatística por fazer as contas ao desemprego da mesma forma que o Eurostat;
- As policias, por não prenderem e por prenderem;
- Comissão Nacional de Eleições por não impedir Governo de fazer inaugurações;
- Tribunais e Ministério Público por não implicarem directa José Sócrates no caso Freeport;
- Os Administradores da TVI, porque queriam mandar na empresa deles.
Mas quem faz estas acusações não é qualquer um, mas aqueles que querem vir a ser Deputados da Assembleia da República.
Existe asfixia democrática quando os eleitos da nação não acreditam no principio da inocência.
Existe asfixia democrática quando pessoas que se candidatam a cargos públicos põem em causa os meios e aqueles que se propõem a governar.
Teremos Eleições Legislativas ou entrevista de emprego para Primeiro Ministro?
Porque as Eleições Legislativas estão transformadas em entrevista de trabalho para Primeiro Ministro, e os entrevistadores também têm direito às suas escolhas ideológicas, o esclarecimento só surtiria efeito se os candidatos tivessem sido questionados um a um, e sempre por mais de um entrevistador.
Entevistas deveriam ter sido também feitas aos outros todos que pretendem ser Deputados da Nação e nossos representantes para uma Assembleia que será Constituinte.
A oposição transformou a sua estratégia eleitoral num ataque ao homem, com o único objectivo é desacreditar o portador da mensagem. Sobre politicas propostas, muito pouco se fala.
O programa de governo que for escolhido vai determinar como será distribuída a riqueza no próximo período legislativo:
- Se entregue às iniciativa privada para ser re-distribuído conforme as regras próprias da gestão de empresas;
- Se investido directamente pelo próprio Governo na forma de equipamentos sociais ou outros de beneficio geral.
Os assuntos relativos aos investimentos e economia são tão complexos, que ameaçam fazer cabelos brancos a Professores Doutores de Economia, Engenheiros Civis, e outros tantos que os discutem.
A barreira de fumo está tão densa que se torna difícil para mim compreender se a oposição é contra os investimentos públicos por não concordar, se por não ter ser dela a iniciativa.
Temos um verdadeiro cenário de escolha multi-critério, mas que ninguém defininiu as regras à partida, pelo que o resultado será o de um concurso de popularidade.
O que aprendi com Manuela Ferreira Leite
Com a entrevista de Manuela Ferreira Leite ontem na RTP e com o que disse até agora aprendi várias coisas que passarão a fazer parte da minha formação:
- Posso dizer que não tenho informação suficiente para propor os meus objectivos, mas acusar o meu opositor de não ir conseguir o que ele já se propôs fazer;
- Quando chegar a uma posição de poder, devo acabar com qualquer voz que não esteja de acordo com o que eu digo;
- Para calar os meus opositores mais vocais, uma vez que não posso fazer-lhes concessões a eles por ficar politicamente fragilizado, concedo aos seus familiares;
- Porque não posso falar com ligeireza dos casos menos claros dos meus colaboradores mais próximos, recuso-me a comentar os dos meus adversários;
- Se me pedirem um programa de governo para 4 anos, recuso-o até à última hora e ameaço entregar apenas uma folha A4.
Realmente no meio disto tudo parece-me lamentável é:
- Que aos funcionários públicos que dependem hierarquicamente do poder político seja exigido o estabelecimento e cumprimento de objectivos num meio que não controlam a iniciativa ou ambiente em que terão de os cumprir.
- Que se acuse Portugal de estar asfixiado democraticamente, mas seja o próprio inquisidor fechar a boca de quem democraticamente se pronuncia.
- Que quem se recusa a formar governo para garantir o funcionamento do país, admita formar listas com familiares dos seus opositores para garantir o seu sossego.
- Que quem acusa alguém que nem foi indiciado pessoalmente, mantenha quem se recuse a prestar provas períciais em caso em que está indiciado.
- Que um politico não entenda que é a nós que têm de prestar contas e nos trate com sobranceria e ameaças de nada fazer até lhe ser dado o cheque branco.