Algo que alguém nos oferece indicando-nos que não iremos ter custos, mas que mais tarde ou mais cedo teremos de pagar.
Autor: Álvaro M. Ferro
O discurso da igualdade e a falta de visão para o futuro
Tanto discurso sobre igualdade deste e daquele…
Alguém que se lembre que a maior desigualdade está em preterir um pai ou mãe a favor dos egoístas que decidiram não ter filhos, mas serão sustentados na reforma pelos filhos dos que foram preteridos.
Façam cotas para os que contribuem para uma sociedade futura investindo nos homens e mulheres de amanhã.
Façam cotas pelos que saem do trabalho para vir apoiar na casa, sabendo que amanhã esta opção lhes poderá custar não serem escolhidos para fazerem algo que os preencheria.
Façam cotas para aqueles que têm de faltar ao trabalho para manter os narizes limpos dos que vos sustentarão na velhice.
Deixem-se de merdas. Desigualdade é ser o melhor e ser preterido por alguém que “sabe estar” melhor.
Que falta de visão para os nossos cidadãos quando as crianças de que querem fazer homens do futuro nem sequer irão chamar sua a esta terra.
Todos na Nuvem: uma check list para um estudo do governo sobre a migração para a Cloud
O mentor deste estudo José Tribolet afirmava em Abril 2011: “faço votos que o próximo Governo – qualquer que ele seja – se compenetre que a maioria das melhores práticas de organização, de gestão e de controlo operacional e estratégico, testados e adoptados no mundo empresarial se aplicam com todo o propósito à ‘empresa’ administração pública portuguesa, central e local, instrumentos fundamental de navegação rumo ao futuro do Portugal INC, do século XXI“.
Não vi o estudo do governo, mas tenho já aqui os pontos que irei verificar se ele aparecer em público:
- Faz uma análise de custos comparando-os com os custos face à aquisição e manutenção pelo Governo?
- Faz uma avaliação do impacto que terá no Orçamento de Estado tratando um esquema de aluguer como investimento?
- Refere que este esquema é em tudo semelhante às PPP ao permitir a reclassificação/desorçamentação de algo que teria de ser apresentado como investimento e passa a ser apresentado como serviços?
- Não são estes “serviços” que se pretendem contratar agora à Nuvem os tais custos intermédios que eram exagerados e seriam eliminados?
- Avalia a experiência do governo PS com o out-sourcing para a nuvem das compras públicas (procurement) de forma tão positiva que pretende repetir para outras funções?
- Ao fim de quantos anos é que os custos comparados com o modelo atual deixam de ser vantajosos?
- Se o Governo pretender cortar nas despesas, pode cortar nestes serviços como?
A temática da nuvem já não é nova para quem anda nesta coisa dos sistemas de informação à tantos anos. Já lhe chamaram Software as a Service (SaaS) ou Infrastructure as a Service (IaaS) ou só Cloud, mas redunda sempre numa transferência de poder do utilizador para o prestador desequilibrando a balança para o lado de quem ainda hoje presta mau serviço com a desculpa que as regras de quem compra são muito complexas.
Ainda o Crespo, mas agora com Angêlo Correia
As razões que levam alguém a argumentar desta forma, se têm razão mesmo que argumentando assim ou se a greve não é boa para o país, poderiam ser assunto. Prefiro alertar-vos para a velocidade a que se desenrola a desonestidade intelectual do senhor Ângelo Correia que nem me deu tempo de escrever, mas junto-vos algumas notas:
- Invocando falsa autoridade indicando-se a ele próprio como tal ao dizer “não não que isso conheço eu”;
- Distorção de factos chamando “A aristocracia operária” aos grevistas;
- Bulverismo – esta perdi a conta das vezes que indicou que a senhora Helena Roseta estava errada sem indicar porquê;
- Tomar o todo pela parte dizendo que “alguns levam isso” sustentando o argumento que os trabalhadores levavam para casa cinco mil euros; e
- O mesmo e o seu contrário “não sei os factos que se passaram nas negociações”, mas afirmou logo que “houve um sindicato que se recusou a participar”.
Aparentemente está previsto um tribunal arbitral a que não recorreram. Aparentemente querer negociar não é aceitável quando a outra parte quer algo que não lhe queremos dar. Aparentemente ir a um tribunal arbitral estará errado se proposto pelo outro argumentador. Aparentemente as negociações servem para se aceitar o que a parte mais forte entender.
Isto tudo enquanto o jornalista Mário Crespo se diverte, apoiando apenas o argumentador a desdizer outro, mesmo que sendo falso. No final o senhor Ângelo Correia, seguindo a lição do Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, lá acabou por dizer que devia obrigar a uma decisão arbitral, como na Alemanha.
O padrão de dizer algo e o seu contrário é uma característica infelizmente presente nos comentadores políticos que vamos vendo aparecer.
Os senhores dos portos que façam lá o formalismo do tribunal arbitral.
Se esta Constituição da República Portuguesa não serve, inventa-se uma nova
Antes de mais, assentemos umas coisas sobre a Constituição da República Portuguesa, o Tribunal Constitucional e o Presidente da República Portuguesa:
- A Constituição da República Portuguesa só pode ser mudada por maioria de dois terços da Assembleia da República. Eu também não gosto de barreiras e de ser contrariado, mas esta constituí a última barreira para que aquilo pelo qual os meus pais e avós lutaram não seja desfeito sem um largo consenso. O meu avô chegou a estar preso por mais de uma vez para termos uma Constituição da República Portuguesa como esta e para que não se alterasse quando dá jeito. É assim e é um facto com têm de contar até que convençam o que vos falta dos dois terços para a mudar.
- O Tribunal Constitucional analisa as propostas de lei com base na Constituição da República Portuguesa, de acordo com princípios jurídicos conhecidos e assim decide quais as leis propostas que a contrariam no seu texto e em qual a parte que foi contrariado. Se não gostam da forma como este órgão decide, não se ponham a jeito e também não lhe peçam para decidir contra o que é sua obrigação. A Constituição da República Portuguesa é um texto político, mas as decisões do Tribunal Constitucional não são.
- O Presidente da República Portuguesa, que declarou achar que uma lei era inconstitucional e ainda assim não a mandou fiscalizar, limitou-se a fazer o que queriam que o Tribunal Constitucional fizesse. Eu também gostava que a Constituição da República Portuguesa previsse forma de o castigar por este incumprimento. Afinal negou aquilo que jurou defender pelo Artigo 127.º durante a posse e juramento. E gostava que o Tribunal Constitucional tivesse meios de o castigar por tão básico incumprimento, mas não estou aqui a calimerar por estes nada fazerem ao promotor da manifestação da Geração à Rasca ou por este não cumprir o Artigo 138.º declarando o estado de sítio ou do estado de emergência para subtrair direitos aos cidadãos com a promulgação do orçamento de estado.
Posto isto, pagamos aos senhores deputados, ministros e secretários de estado, não para dizer impropérios que criem clivagens em momentos que necessitamos de serenidade e coesão social e não de razões para estarmos ainda mais deprimidos. Precisamos sim que usem para o bem o cérebro que justifica o pagamento que recebem e para com as regras que apresentei resolver os problemas que temos.
Se os senhores ministros, senhores secretários de estado e os senhores deputados não gostam das regras podem fazer o que pedem aos seus cidadãos que façam: emigrem porque têm mais condições que muitos dos vossos concidadãos para vencer lá fora. Nós por cá nos governaremos com o que temos, como sempre temos feito.