As razões que levam alguém a argumentar desta forma, se têm razão mesmo que argumentando assim ou se a greve não é boa para o país, poderiam ser assunto. Prefiro alertar-vos para a velocidade a que se desenrola a desonestidade intelectual do senhor Ângelo Correia que nem me deu tempo de escrever, mas junto-vos algumas notas:
- Invocando falsa autoridade indicando-se a ele próprio como tal ao dizer “não não que isso conheço eu”;
- Distorção de factos chamando “A aristocracia operária” aos grevistas;
- Bulverismo – esta perdi a conta das vezes que indicou que a senhora Helena Roseta estava errada sem indicar porquê;
- Tomar o todo pela parte dizendo que “alguns levam isso” sustentando o argumento que os trabalhadores levavam para casa cinco mil euros; e
- O mesmo e o seu contrário “não sei os factos que se passaram nas negociações”, mas afirmou logo que “houve um sindicato que se recusou a participar”.
Aparentemente está previsto um tribunal arbitral a que não recorreram. Aparentemente querer negociar não é aceitável quando a outra parte quer algo que não lhe queremos dar. Aparentemente ir a um tribunal arbitral estará errado se proposto pelo outro argumentador. Aparentemente as negociações servem para se aceitar o que a parte mais forte entender.
Isto tudo enquanto o jornalista Mário Crespo se diverte, apoiando apenas o argumentador a desdizer outro, mesmo que sendo falso. No final o senhor Ângelo Correia, seguindo a lição do Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, lá acabou por dizer que devia obrigar a uma decisão arbitral, como na Alemanha.
O padrão de dizer algo e o seu contrário é uma característica infelizmente presente nos comentadores políticos que vamos vendo aparecer.
Os senhores dos portos que façam lá o formalismo do tribunal arbitral.