Acusar os outros todos de quererem ver Portugal a arder é assim um bocadinho como fazem os maluquinhos. Os “outros” são sempre o problema. Vamos então falaciosamente aceitar o desafio e proferir também um conjunto de acusações que não há como verificar em tempo útil para esta discussão.
Este senhores que andam a comentar os fogos como se fosse um desporto nacional veem mal ou não veem a mesma televisão que eu. A TVI e a SIC, e talvez também a RTP e a CMTV, tem feito notíciarios de uma hora sobre os incêndios.
Também veem mal porque exigem mais intervenção dos governantes e esquecem-se que há uns comentários atrás exigiam menos intervenção e queriam menos impostos. Veem mal porque intervir custa dinheiro que nós o Estado não temos.
Também querem que seja ordenado o território, mas esquecem-se que as frações territoriais estão subdivididas em propriedades com diferentes proprietários. Nas áreas habitadas, por resultado das partilhas e heranças, muitos proprietários não têm onde deixar cair uma agulha, quanto mais uma barreira anti-incêndio.
Estes senhores que reclamam que alguém faça alguma coisa, não querem mesmo é que se faça nada. Estes senhores que exigem sempre muito, querem mesmo é ver o país a arder.
Claro que muitas destas acusações são quase impossíveis de refutar, não por serem factuais, mas porque o esforço para o fazer é demasiado ou ainda nem sequer existe forma de o fazer.
Falar é fácil. Escrever um pouco menos. Governar em democracia é mais complicado, principalmente quando não há dinheiro nem vontade para que isto se resolva já.