Analogías e outro tipo de subterfúgios para mentes menos capazes

analogiaA vida é como um copo de água. Umas vezes cheia, outras vazia.
Para uns meio cheio, para outros meio vazio.

À quem nos encha o copo e quem nos parta a bilha. Umas águas mais limpas, outras mais turvas.

Algumas vezes podemos receber ajuda, alguém nos comprou uma garrafa de água. Outras vezes mijam-nos para o copo e pedem-nos que bebamos.

As analogias permitem a criação de metáforas mais ou menos complexas.

As analogias permitem-nos refugiar-nos nelas sempre que não saibamos alguns termos mais recônditos ou rebuscados, passando a impressão que estamos a usá-las para permitir que os outros nos compreendam, de uma certa forma paternal.

A mediocridade do seu uso é tão imensamente grande que quase fico sem assunto.

O que nos leva à questão da mediocridade. O que é que podemos dizer acerca da mediocridade?

A mediocridade pressupõem a existência de um ser humano, pois dizer que um objecto é medíocre é apenas culpar o inanimado do erro do seu criador.

A mediocridade não se trata apenas da incapacidade de alguém efectuar algo, palpável ou não, mas também a sua incapacidade de a determinar (à incapacidade). Isto é, pode ser-se medíocre só por não se saber que se é.

Isto não quer dizer que um desportista ao perder uma corrida é uma demonstração da sua mediocridade, dado que seria impossível pela sua parte ter conhecimento da maior capacidade do outro atleta que o venceu.

Quer dizer sim que para além de perder claramente terá de o negar invariavelmente. Mas dizem vocês que quem perde e não assume são os comunistas. A isso responde-se que eles têm desculpa.

Então numa metáfora medíocre, pode-se dizer que o Paulo Portas é comunista, perde e não assume.

Talvez no caso do CDSPP o problema não seja tão linear, dado que agora teremos antes de falar em clube dos medíocres, de tal maneira que se prepara agora o confronto dos pixotes. Tipo guerra de galinheiro que dificilmente será ganha por um pintainho.

Acabamos numa maravilhosa analogia metafórica da mediocridade em que o problema é como uma pescadinha de rabo na boca, em que a grande questão é se as pescadinhas sofrem de flatulência.

Como um bêbado que não o assume e por isso não se cura, as analogias têm destes perigos. Cada um as entende com o conhecimento e experiência que têm e a frase correcta peca por não ser dita: A analogia é uma merda!

Uma questão de autoridade da imagem

pspcomissariapaulamonteiroAs policias já não são hoje nada do que eram dantes.

Já não é só com a sr.ª Comissária Paula Monteiro, sempre a falar na televisão que mostram uma nova imagem.

Já não somos nós os seguidos, mas eles que são seguidos no Twitter. A @GNRepublicana está lá e a @DNPSP também.

Vamos ter saudades dos senhores “lá de xima” agora que são todos obrigados a dizer os esses e andar em forma.

O Agente da Autoridade aproxima-se da vossa viatura. Inspeciona a carroçaria com ar de entendido e faz a continências.

– Bom dia. Os xeus documentux.

– Sabe, senhor guarda…

– Xinhor guarda, não. Agente da Autoridade.

Agente da Autoridade… qual autoridade?

Já reparam que ninguém lhes passa cavaco?

– Páre, ou eu dixparo! – Grita o “Agente da Autoridade” para um ladrão.

Acham que ele pára? O ladrão corre é mais rápido ainda.

O que queriam que ele fizesse? Que ficasse ali paradinho?

– Prontos. Ele já me disse para parar, eu paro. Não tenho outro remédio que não seja ir levar umas cossas na esquadra.

Não fiquem com pena, que o juiz já o solta. É tudo uma questão de imagem.

Há que parecer presente, mesmo que se esteja ausente ou estando presente não faça diferença.

Estado de depressão colectivo

DepressãoEncontramo-nos em estado de depressão colectivo. Não porque tenhamos sido despedidos, nos tenha morrido um parente querido ou porque estejamos doentes, mas porque não acreditamos que o futuro traga mudanças reais, melhoras ao estado em que nos encontramos ou alteração a como as coisas acontecem.

Perguntamo-nos:

  • Em que é que este governo é melhor que os outros que o antecedeu?
  • Em que é que este primeiro ministro é melhor que o que o antecedeu?
  • Porque é que havemos de confiar na gestão destes que lá estão agora se os resultados obtidos poderiam ser os mesmos com qualquer gestor desqualificado?

Quem são afinal as pessoas a quem confiamos os nossos direitos?

São pessoas IGUAIZINHAS a nós. Nem mais nem menos.

Foi não assumirmos isso é que nos levou a estar desconfiados e deprimidos face ao que o futuro nos trará.

Estes senhores não passam de seres humanos, sem possibilidades de melhoria à definição inicial do ser humano. E isto independentemente de acreditarem que os seres humanos são uma obra divina ou um acaso da evolução.

E não estou a identificar qualquer cor ou feitio e muito menos a perdoar, mas são seres humanos com medos e necessidades humanas, reacções e alterações todas elas muito humanas.

Cada um no seu pelouro a representar o que de melhor e pior temos no nosso espécime:

  • Choramingas ou vigaristas;
  • Vitimas ou aldrabões;
  • Fieis ou infiéis;
  • Monogâmicos ou poligâmicos;
  • Protectores ou predadores;
  • Observadores ou observados;
  • Culpados ou inocentes;
  • Acusadores ou acusados; mas
  • Acima de tudo humanos.

Humanos que por vezes são sedentos de dinheiro, outras vezes de comida, outras vezes de sexo, e não são perfeitos. São acima de tudo muito humanos.

Se não tivéssemos depositado tanta confiança nos nossos representantes, lideres, chefes e outros topos de hierarquia, não estaríamos hoje tão decepcionados e deprimidos.

Estivemos em negação. Negação que eles são humanos e por isso iriam falhar-nos.

Teremos de passar pelos 6 estados de morte anunciada até renovarmos a esperança:

  1. Negação;
  2. Fúria;
  3. Negociação;
  4. Depressão;
  5. Aceitação; e
  6. Esperança.

Estaremos em negação enquanto apoiarmos uma politica de show off.

Enfurecer-nos-emos quando virmos os nossos queridos e amigos a serem sugados por recessão e despedimentos.

Negociaremos quando permitirmos que se mantenha a fantochada para garantir estabilidade.

Entraremos em depressão quando nos apercebemos que de nada nos valeu termos estabilidade.

Temos mesmo de aceitar. Por favor, aceitem que temos perante nós nada mais que meros humanos. Pessoas falíveis, incapazes como tantos outros de combaterem os seus instintos mais básicos: sobrevivência e reprodução.

Enquanto não aceitarmos que estes são o que temos, enquanto estivermos a aguardar por D. Sebastião, enquanto não aprendermos a controlar os que temos, não conseguiremos passar para o estado da esperança.

Sem esperança há futuro, mas de que nos serve?

Congressos, blogs e Twitters

VoteAssistimos num crescendo ao que entendo ser uma mudança em Portugal que só poderá enriquecer a nossa Democracia.

Refiro-me à participação assumida de Bloggers nos Congressos partidários e ao comentário paralelo dos debates no Twitter.
Até agora não era possível participar em debates que eram mantidos por uns quantos eleitos. Pelo menos não o era em tempo real e com consequências reais.

O debate aberto, embora que em 140 caracteres de cada vez, está a ser mantido sobre o Twitter, muito na moda, de forma aberta e com possibilidade de ser analisado publicamente.

O que se passou no rescaldo do Congresso do PS com a petição de #mrsPE (Marcelo Rebelo de Sousa – Parlamento Europeu) fez prova disso. Em menos de dois dias, juntaram-se mais de 100 assinaturas, ficando a petição no final de uns três ou quatro dias com pelo menos o dobro em assinaturas reais e um número igual de Spammers e tentativas de chacota.

O que se sucedeu dois dias depois da apresentação do #mrsPE também não é menos notório. O professor Marcelo Rebelo de Sousa tomou posição contrária ao que a petição pretendia, e o auto-proposta candidato José Pacheco Pereira mostrou-se ofendido e atacou a iniciativa, difamando-a e apontando-a como uma maquinação. Pessoalmente, como segundo na lista de maquinadores, lamento informar mas a única máquina nas minhas mãos foi o meu computador.

Em todos os quadrantes políticos, surgem iniciativas de entrada para o ciberespaço para além dos sites de divulgação da doutrina. Iniciativas que nada têm a ver com o modo estático de fazer politica que anteriormente existia.

Os cidadãos fazem agora uso do seu direito de uso da palavra para opinarem sobre e o que muito bem entenderem, ainda que a custo de adquirirem computador e acesso à Internet. Este é um direito que faço questão de exercer e que não deleguei em ninguém. A ninguém mesmo.

O que os cidadãos delegam nas listas partidárias é o direito de tomarem as decisões necessárias para atingir os objectivos propostos nos programas que sufragaram nas urnas. Não delegam o seu direito de opinião.

Uma palavra para a “luta de classes” referida muitas vezes ainda pelos que se dizem de esquerda e tantas vezes referidas nestas discussões online: Esta luta de classes é hoje, em meu entender, um fumo de outras eras que apenas “a classe dominante”, se é que ela existe, poderá querer perpetuar.

Colocar tanta inteligência num pretenso grupo de empresários desorganizado como se tivessem omnisciência colectiva é quase classificável como esquizofrenia.

O que os últimos debates acompanhados pelos comentários em blogs e Twittadas provaram é que as classes na Internet não existem e todos temos direito a opinião. Até eu.

Os parabéns são merecidos a todos os Bloggers e Twittadores, independentemente da cor e filiação, pois no ambiente de medo de represálias e tentativas de silenciamento dos actuais bonecos falantes (refiro-me aos pseudo-comentadores políticos que as televisões empregam), termos falado abertamente e sem nos escondermos por detrás de pseudónimos, restaurou a minha confiança no sistema democrático e liberdade de expressão.

O dilema de Manuela Ferreira Leite

Manuela Ferreia Leite, Lider do Partido Social Democrático

Estão na Internet uma petição, um site e uma discussão no Twitter que propõem o nome do Professor Marcelo Rebelo de Sousa para o papel que ele destinava ao Pedro Passos Coelho. Este movimento online já teve os seus reflexos em blogs de jornalistas acreditados.

Aguarda-se que Manuela Ferreira Leite apresente a decisão do seu partido e só depois se poderá saber que influência poderão ter outras iniciativas como esta.

A líder do Partido Social Democrático, Manuela Ferreira Leite, têm entre mãos aquela que pode ser a decisão que definirá o seu futuro como Presidente deste partido.

Será realmente a primeira decisão que têm de tomar em termos partidários e que poderá redefinir o rumo dos acontecimentos para o PSD.

Á sua frente tem como adversários:

  • O Partido Socialista que está galvanizado em torno do seu líder, líder que faz questão de mesmo em campanha pelas Europeias, dar destaque a José Socrates, mas que apresenta um candidato realmente de esquerda com o ex-militante do PCP;
  • O Bloco de Esquerda com dois homens que construíram a sua posição rodeados pelos descontentes, e todos sabemos como são cada vez mais em Portugal;
  • O Partido Comunista, que ainda não apresentou a sua lista, mas que como sempre contará com os seus fieis militantes e apoiantes, que pouco se vão desviando para a concorrência;
  • O CDS-Partido Popular que se bate pelos descontentes em concorrência directa com o Bloco de Esquerda, debita mais medidas por minuto que o Bloco de Esquerda, mas sofre do mesmo mal de nunca poder vir a ser governo sozinho e por isso são-lhe permitidas todas as irresponsabilidades; e
  • Todos os outros movimentos que surgiram desde o inicio do ano e onde se incluem os movimentos Melhor é Possivel e Movimento Mérito e Sociedade, de onde não me parece que venha a ter problemas.

Ao seu lado, na sua própria casa:

  • A contestação de Luis Filipe Meneses, o inevitável inimigo interno e que continua a contar com as espingardas de todos aqueles que gostariam de ver o líder do seu partido comportar-se como se comportam o líder o Bloco de Esquerda e do CDS-Partido Popular;
  • A corrosiva participação de Pacheco Pereira, que é o Manuel Alegre do PSD;
  • A critica de Marcelo Rebelo de Sousa, que sempre vai dando uma no cravo outra na ferradura, e que acossou a dama do seu canto para a ribalta onde brilha menos; e
  • A oposição em surdina do Pedro Passos Coelho que leva atrás de si todos os que acham que não basta ter medidas, há que ter imagem para as apresentar ou mesmo vender.

O meu entendimento é que o PSD não têm a iniciativa pela circunstancia de se encontrar na oposição e a sua líder têm mais Brutus que Delfins. Para Manuela Ferreira Leite, eliminar da corte qualquer um dos seus populares contestatários, poderia ser já como tirar a cabeça de fora de água para respirar um pouco entre cada braçada, face ao trabalho que estes lhe têm dado.

A possibilidade de Manuela Ferreira Leite propor Pedro Passos Coelho como cabeça de lista do PSD às eleições europeias foi avançada por Marcelo Rebelo de Sousa na rúbrica deste passado domingo, mas foi entendida por alguns como sendo uma maneira de ele próprio se oferecer para o papel, algo que é bastante rebuscado, acabando ainda assim por surtir os efeitos já vistos na Internet.

Vamos esperar.