Chegámos finalmente à era das e-coisas. Existem e-coisas por todo o lado e vão existir ainda mais. Isto até parece mal, vindo de um e-Designer que passa o dia a trabalhar para o e-mundo.
É ridículo como se pegou nesta e-questão da pior forma.
Como políticos astutos, os Gestores de Marketing transformaram-se em gestores de e-marketing, colando-se a algo que está na moda, e começaram-se a dedicar aos e-anuncios. A WWW está cheia deles.
Dão pelo nome de banners. Não há nada hoje na Internet que não tenha no minímo um e-anuncio. Uma imagem que pisca e estrelica com cores mais ou menos com um sentido de e-branding apurado e que diz “”Clique aqui agora!””, com pontuação Q.B., pois que é daí que vem o enfâse da questão.
Mas os mais audazes fizeram autênticos e-altares das suas empresas. Sitíos que ninguem visita, mas que eles consideram os melhores. Autênticas brochura electrónicas, que em nada ajudam o utilizador, com a respectiva carta do sr. Presidente da Administração, encimada pela e-fotografia, no melhor sorriso forçado, que se conseguiu para a e-ocasião.
A imagem que passarei a ligar aos e-Marketeers para mim será a mesma que do nosso querido Primeiro Ministro António Guterres: A passear alegremente numa reunião com outros Ministros em que trazía ao pescoço o cachecol da seleção, pois que se ela estava a ganhar o Campeonato Europeu, ele tinha de estar ligado a ela. Não lhe levo a mal o aproveitamento.
É pena é que foi sol de pouca dura. As e-coisas são réplicas virtuais do que tinhamos antes.
Nas nossas caixas de correio-e caíem agora várias e-cartas em pirâmide por dia. São aquelas que temos de enviar para toda a gente que conhecemos pois caso contrário uma quantidade de cataclismos e desgraça puderam abater-se sobre nós e aqueles que gostamos.
Até houve quem fizesse uma e-carta que se enviava a ela própria: A “”I love you letter””. (Isto para além de mais algumas malandrices que antes da era-e equivalem em mijarem-nos para dentro da caixa de correio.)
A última e-carta do estilo que recebi dizia respeito à penosa derrota da Nossa Seleção. Nela se pede que enviemos cópias da mesma para o endereço de correio-e da e-UEFA. Parece-me a mim uma inutilidade.
Como uma formiga que salta para cima do elefante enquanto as outras que estão em baixo vão gritando histéricas: “Mata! Mata!” P
ensavam que tinham encontrado uma solução e-milagrosa para todos os problemas com a vossa insignificante conta de correio-e?
A mesma facilidade que temos em enviá-las, têm os responsáveis da rede informática da UEFA em travá-las.
A e-vida é assim.
Se queriam realmente incomodar o elefante não se deveriam ter deixado levar pela e-onda. Deviam ter usado formas mais convencionais de combate, pois que de uma trafulhice convencional se tratou. Sugiro o envio de faxes ininterruptos.
A formula é simples.
Coloquem uma parte da folha de papel num lado do fax e iniciem a transmissão.
Quando ela estiver a meio caminho da transmissão, vão colocando mais folhas, coladas com fita adesiva, até que a parte que está a sair de um lado consiga unir com o lado contrário, e colem uma à outra. Deixem apurar e repitam o processo as vezes que a vossa carteira puder suportar.
A e-vida ainda não tem de tudo. Cabe às nossas empresas, que tão ávidas de e-negócio estão, tirarem a cabeça do próprio umbigo e começarem a procurar e-formas de melhorarem o seu relacionamento connosco.
Talvez seja esta uma forma de devolverem à sociedade aquilo que ela lhes tem dado.